Conheça Raika, a cadela-bombeira de Passo Fundo que ajuda nas buscas no Vale do Taquari

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As buscas pelos desaparecidos após as chuvas que causaram mortes e destruição no Vale do Taquari contam com a ajuda de Raika, uma cadela que integra o Corpo de Bombeiros de Passo Fundo que empresta seus sentidos apurados para identificar sinais em meio aos escombros. 

Raika é parte do binômio (homem-cão) junto do sargento Juliano Calegari. Eles devem retornar ao Vale do Taquari nesta sexta-feira (22), onde entrarão na linha de frente dos trabalhos para encontrar vítimas que ainda estão desaparecidas. Essa é a segunda ida de Raika para a região mais afetada pelas chuvas no RS. A dupla trabalhou na cidade de Roca Sales durante cinco dias, entre 12 e 16 de setembro. 

Hoje com quatro anos, Raika começou a ser treinada aos três meses de idade para farejar os chamados Resíduos Biológicos Humanos (RBH). 

— Um cão de resgate vale por 30 homens. A área de abrangência deles é muito maior que a nossa. O protocolo prevê que o cão trabalhe solto e que a busca seja feita onde ele sinaliza que pode haver algo. O que o condutor faz, às vezes, é dar um direcionamento para o animal, para que ele vá para a esquerda, direita, frente ou trás, entre outros comandos — detalha.

Além de Raika, o Corpo de Bombeiros de Passo Fundo também conta com o cão Wolf, um Pastor Belga Groenendael de sete anos, que foi treinado para farejar pessoas vivas. Como a cadela é expert em farejar resíduos humanos, só ela e Calegari foram para o Vale do Taquari. Em Roca Sales, o cenário devastado tornou o trabalho complexo, delicado e surpreendente, relatou o sargento. 

— Nesses ambientes, o trabalho de busca e salvamento com cães é fundamental. São locais de difícil acesso para humanos e máquinas, mas explorados com facilidade pelos animais. Outra vantagem do cão de resgate é que ele consegue diferenciar os odores de restos mortais de humanos e animais — conta.

Mas, apesar do faro apurado, nem Raika nem os outros cães usados nas buscas identificou o paradeiro das 10 vítimas que seguem desaparecidas, segundo o último balanço da Defesa Civil. 

Parte da família

Raika integra a família do sargento Calegari desde filhote. Ele adquiriu a cadela da raça pastor-belga-malinois no município de Tapejara, quando ela ainda tinha três meses. O animal mora com o sargento, que lhe treinou para realizar o trabalho no batalhão. 

Com um ano e meio, Raika completou seu treinamento e passou pela certificação exigida pelo Estado, que avalia o cão em testes de obediência e buscas em áreas rurais e urbanas. Na metade de 2021, a cadela passou a integrar o canil do batalhão e atuar nas ocorrências de busca e salvamento ao lado do sargento. 

— Ela é como uma filha. A minha quarta filha. Nosso relacionamento é excelente, o que é fundamental para esse tipo de serviço, pois é necessário ter afinidade, carinho e confiança com o cão. O cão também precisa ser dócil e carinhoso pra fazer esse trabalho, virtudes que a Raika tem de sobra — detalha. 

Arquivo pessoal / Divulgação
Calegari considera Raika como parte da famíliaArquivo pessoal / Divulgação

Bombeiros de Passo Fundo têm canil próprio

Passo Fundo é um dos poucos municípios do RS com canil. A unidade foi implementada no 7º Batalhão de Bombeiro Militar (BBM) em 2018. Desde então, dezenas de trabalhos de busca e salvamento já foram realizados. Atualmente, o Corpo de Bombeiros Militares do Estado conta com 14 cães de busca e salvamento. São eles: 

  • Passo Fundo: 2
  • Vacaria: 1
  • Santa Cruz: 1
  • Santa Maria: 4
  • Porto Alegre: 4
  • Gravataí: 1

Além de Raika e Wolf, o batalhão de Passo Fundo treina a Xena, uma cadela Pastor Holandês, de sete meses, para acompanhar Raika nas buscas de RBH. 

Segundo o comandante do 7º BBM, Alessandro Vicente Bauer, o canil está à disposição dos 134 municípios atendidos pela unidade, bem como no apoio aos batalhões de outras regiões do RS. Ter a estrutura e cães como Raika na região dão autonomia e possibilitam uma resposta rápida às ocorrências. 

CBMRS / Divulgação
CBMRS / Divulgação

— É um ganho de agilidade, e mobilidade no atendimento de salvamentos e resgates, uma vez que o cão tem a capacidade de fazer buscas em qualquer tipo de terreno com um ganho de área muito grande. Ademais, o animal tem a sensibilidade para encontrar pessoas soterradas ou restos mortais em escombros — detalha.

O canil de Passo Fundo fica na Rua Independência, nº 1320. Neste ano, o local passou por uma ampla reforma, sendo praticamente reconstruído. A obra foi concluída em março. O novo espaço conta com três baias de alojamento e uma baia de banho. Ao todo, a área é de 27,5 metros quadrados.

Fonte: GZH

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