Ex-ministro de Bolsonaro, general Heleno diz que presença de Mauro Cid em reuniões sobre suposto golpe é “fantasia”
Ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), o general Augusto Heleno classificou como “fantasia” o relato feito pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, de que teria participado de reuniões em que o então presidente e chefes das Forças Armadas supostamente trataram de um golpe de Estado.
Heleno deu a declaração nesta terça-feira (26), durante depoimento à CPI dos atos extremistas, após um questionamento formulado pela relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
A investigadores da Polícia Federal, Mauro Cid disse que Bolsonaro se reuniu com integrantes da Marinha e do Exército. Nesses encontros, segundo ele, o então presidente teria falado sobre uma “minuta de golpe”, que previa ilegalidades, como o afastamento de autoridades.
O ex-ajudante de ordens afirmou também que o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, que participou da reunião, teria manifestado apoio à ideia.
Questionado por Eliziane se soube da ocorrência dessa reunião, Heleno declarou: “Não [tive conhecimento]. E eu quero esclarecer que o tenente-coronel Mauro Cid não participava de reuniões. Ele era o ajudante de ordens do presidente. Não existe essa figura do ajudante de ordens sentar em uma reunião com os comandantes de força e participar da reunião. Isso é fantasia. É fantasia”.
Heleno também criticou a divulgação de trechos da delação de Mauro Cid. “Me estranha muito porque a delação está ainda sigilosa. Ninguém sabe o que o Cid falou”, declarou o ex-ministro.
No depoimento à CPI, Heleno foi questionado sobre a existência de um documento com diretrizes para o estabelecimento de um suposto golpe de Estado no Brasil. Ele afirmou que “nunca” ouviu falar da suposta minuta.
“Nunca. Nunca nem ouvi falar. Eu estou sobre juramento. O presidente da República disse várias vezes, na minha presença, que jogaria dentro das quatro linhas da Constituição. E eu não tive a intenção de fazê-lo sair das quatro linhas”, disse.
Heleno afirmou também que, se tivesse o “desejo de participar de um golpe”, teria “tirado” o seu time de campo quando ouviu Bolsonaro afirmar que atuaria “dentro das quatro linhas”. “A partir do momento em que o presidente da República declarou, com todas as letras, que iria atuar dentro das quatro linhas, se eu tivesse lá, no recôncavo da minha alma, o desejo de participar de um golpe, eu já teria tirado meu time. Bom, o presidente já declarou que quer agir dentro das quatro linhas, está encerrado o assunto”, afirmou.
Fonte: O Sul