Lula não pediu nada a Campos Neto: “Importante é a interação”, diz o ministro da Fazenda sobre reunião
O presidente Lula e o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, se reuniram pela primeira vez este ano na noite de quarta-feira (27). Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Lula não teria feito nenhum pedido chefe do Banco Central. “Importante é a interação”, disse o ministro.
“Presidente pediu alguma coisa? Não se pede nada. Cada um faz seu trabalho. Importante é a interação.” Desde que assumiu o governo, Lula fez diversas críticas ao Banco Central e a Campos Neto sobre o patamar elevado da taxa de juros no País.
“Foi uma relação institucional, de excelente nível, de aproximação institucional, como fizemos com a Câmara, com Senado, Supremo. Agora entramos em uma nova fase da relação institucional da presidência com o banco central, essa aproximação estava acontecendo naturalmente com o ministério [da Fazenda]”, avaliou Haddad.
Segundo o ministro, as divergências não podem ser consideradas, antagonismo, pois “são normais no ambiente democrático”. “Apresentamos números, eles apresentam números. Vamos construindo”, concluiu.
O presidente do Banco Central participou nesta quinta-feira (28) de uma entrevista coletiva à imprensa sobre o relatório trimestral de inflação. Perguntado sobre a reunião com Lula, disse que o combinado com o presidente foi “não falar sobre.”
“Espero que você [repórter] me perdoe, mas nós combinamos de não falar sobre. Foi a minha primeira [reunião com Lula]. Foi o que foi combinado entre nós. Faço das minhas palavras as do Haddad. O ministro já fez os comentários e concordo integralmente com o que ele disse.”
Campos Neto disse ainda que estavam presente no encontro apenas ele, Lula e Haddad. “Estou tentando construir uma relação de confiança”, afirmou.
Encontro
Durante pouco mais de uma hora, Roberto Campos Neto e Fernando Haddad estiveram com o presidente Lula no Planalto. O que está certo é que novas reuniões vão acontecer, fortalecendo as relações institucionais entre governo e Banco Central.
Fontes sinalizaram uma preocupação em preservar o primeiro encontro. É clara a percepção de alta sensibilidade da relação entre os dois. Até pelo histórico de ataques e críticas duríssimas, não só do presidente da República, mas de seus ministros e aliados políticos ao chefe do BC.
Ao descerem juntos pelo elevador do Planalto, Haddad e Campos Neto trocaram meia dúzia de palavras, segundo pessoas que acompanharam a saída do gabinete presidencial.
“Reunião boa, não Roberto?”, disse o ministro da Fazenda. “Muito, excelente”, respondeu o banqueiro central. Se despediram na garagem e Haddad foi falar com a imprensa que aguardava alguma declaração sobre o encontro.
A partir de agora começa uma leitura sobre os efeitos da reunião. Um sinal importante será o comportamento de governistas, incluindo ministros e parlamentares, com Roberto Campos Neto.
Fonte: O Sul