Perfeccionismo de Coudet colabora para transformação do Inter na temporada
Eduardo Coudet é um dos primeiros a chegar no CT Parque Gigante. Também é um dos últimos a sair. É perfeccionista, extremamente apegado ao trabalho e, algumas vezes, turrão. Em outras, gentil e atencioso. Apesar da carreira curta, o argentino de 49 anos coleciona histórias, polêmicas, alguns detratores, mas muitos admiradores. Ele desembarcou em Porto Alegre há apenas dois meses e meio e, em pouco tempo, liderou uma transformação no Inter que o levou a semifinal da Libertadores e devolveu a autoestima aos torcedores. Se o Inter passar pelo Fluminense, no Beira-Rio, amanhã, chegar na final e conquistar o título, Coudet se transformará em herói e entrará para a história do clube.
“No dia a dia, o Coudet é um cara sensacional, que trabalha muito e ajuda. Ele é nota dez. Como técnico, é diferenciado. Sem dúvida, é um dos responsáveis pela nossa boa campanha na Libertadores”, afirma o vice de futebol, Felipe Becker. Realmente, Coudet apresenta-se diferente em sua segunda passagem pelo Beira-Rio. Na primeira, em 2020, não se continha nas entrevistas e reagia aos resultados não tão bons reclamando do calendário apertado e do “grupo curto”. Depois de alguns bate-bocas públicos com os dirigentes da época, pediu demissão e deixou o Inter, trocando pelo Celta de Vigo, da Espanha.
Desta vez, não. A sua contratação, após a saída de Mano Menezes, aconteceu somente após uma reunião que durou um dia e meio em Buenos Aires. No encontro, o presidente Alessandro Barcellos apresentou as atuais possibilidades financeiras do clube e salientou que provavelmente um ou dois titulares seriam vendidos ainda naquela janela de transferências, que estava aberta. A ameaça não se concretizou e, além disso, Coudet recebeu alguns reforços indicados por ele próprio, como o lateral espanhol Hugo Mallo, que, inclusive, deve começar entre os titulares a partida de amanhã contra o Fluminense.
Na sua volta, elogiou a torcida e disse que estava em dívida com o clube. “O que posso falar é que todos estamos focados. Será o jogo mais importante do ano”, falou Coudet, no sábado Em seus times, Coudet busca impor um estilo de jogo com vocação ofensiva, que valoriza a posse de bola e busca o protagonismo do jogo. Para conseguir isso, gosta de testar nos treinos as suas ideias, mostrando-as na prática para os jogadores. Não raramente, as seções de trabalho duram até duas horas, sempre com foco na intensidade.
“O Coudet é um dos pilares deste Inter. É um grande treinador, a despeito de algumas atitudes e declarações tresloucadas que já teve. Mas é um técnico de grandes ideias, inteligente e que conseguiu entender o contexto da Libertadores. Sabia que precisava voltar vivo do Monumental de Núñez e conseguiu. Depois, sabia que precisava se proteger na Bolívia e teve sucesso. Por fim, entendeu que ia para a ‘trocação’ com o Fluminense do Diniz e também foi bem. Ele sabe o que está fazendo”, observa Lucho Silveira, comentarista dos canais ESPN.
Tendência é de repetição de time
Sem folga, o Inter seguiu nessa segunda-feira a rotina de treinos visando a partida contra o Fluminense. Para aumentar a privacidade dos jogadores, Eduardo Coudet mandou fechar os portões do CT Parque Gigante, não permitindo o acesso dos jornalistas. Como tem todos os jogadores à disposição e aprovou a atuação do time no Maracanã, a tendência é pela manutenção da equipe no Beira-Rio, inclusive com Hugo Mallo na lateral.
Coudet também trabalhou alternativas para serem utilizadas durante o jogo tanto para o caso de ter que buscar um resultado, quanto para segurá-lo. Hoje, os jogadores devem treinar as cobranças de pênaltis, que decidirão a vaga em caso de novo empate. Pedro Henrique voltou aos treinos e pode ser alternativa.
Fonte: CP