Quem foi Alexei Navalny, principal opositor de Putin que morreu na prisão

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Alexei Navalny, principal opositor de Putin, morreu na prisão nesta sexta (16). Ele foi detido por forças russas em janeiro de 2021 após retornar da Alemanha, onde foi tratado por uma suspeita de envenenamento. Navalny foi sentenciado à prisão até completar 74 anos por acusações que, segundo ele, foram forjadas para mantê-lo afastado da política.

Em dezembro do ano passado, Navalny passou mais de 20 dias desaparecido. Ele havia sido transferido para uma prisão no Ártico.

O ex-advogado ganhou fama há mais de uma década ao satirizar a elite do presidente Vladimir Putin e fazer acusações de corrupção. Na década de 2010, por exemplo, liderou um movimento contra Putin que levou milhares de pessoas às ruas do país.

“Greve dos eleitores”

Em 2018, milhares de pessoas protestaram em toda a Rússia contra a eleição na qual o atual presidente, Vladimir Putin, foi eleito pela quarta vez.

A “greve de eleitores” foi convocada por Nalvanay, proibido de disputar a eleição. Navalny chegou a anunciar sua candidatura presidencial, em 2016, para em seguida criar uma rede de comitês eleitorais, de Kaliningrado até Vladivostok.

Ele provavelmente já sabia que não seria autorizado a participar da eleição e, em dezembro de 2017, sua candidatura foi oficialmente rejeitada pelo comitê eleitoral por conta de uma condenação por crimes econômicos.

Navalny foi alvo de vários inquéritos. Ele foi condenado em dois casos a penas médias, que pode cumprir em liberdade condicional. No primeiro caso, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos determinou, em 2016, que o processo contra suposto peculato na empresa madeireira estatal Kirovles foi conduzido de forma arbitrária. Porém, os juízes em Estrasburgo não viram qualquer motivação política no caso.

O processo foi retomado, e Navalny e seu sócio foram novamente condenados, em fevereiro de 2017. Porém, em setembro, o comitê de ministros do Conselho da Europa concluiu que a decisão da corte europeia não foi implementada na íntegra e apelou à Rússia para que liberasse a candidatura de Navalny. Moscou viu nesse pedido uma intromissão em questões internas.

Situação semelhante ocorreu no segundo caso: Navalny e seu irmão Oleg foram acusados de fraudar a subsidiária russa da empresa francesa de cosméticos Yves Roche em 26 milhões de rublos (cerca de RS$ 1,46 milhão). Em 17 de outubro, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos tornou pública seu veredicto de que o processo contra Navalny e seu irmão foi injusto, e que a decisão dos juízes russos foi arbitrária. Mas não foi identificada uma motivação política na condenação.

Veneno na cueca

Em agosto de 2020, Navalny passou mal durante um voo da Sibéria para Moscou e o avião precisou fazer um pouso de emergência na cidade de Omsk, onde foi levado às pressas para a UTI.

Depois, após negociações de alto nível com as autoridades russas, ele foi transportado de avião para Berlim e tratado lá enquanto era mantido em coma induzido.

O governo alemão disse que Navalny foi envenenado por uma sofisticada substância conhecida como Novichok, o que deu ainda mais atenção ao caso, ao reforçar suspeitas de que o Estado russo esteja por trás do envenenamento. O Kremlin negou as acusações de envolvimento.

Conhecidas como agentes neurotóxicos, essas substâncias são usadas em pó ou em forma líquida. E são tão perigosas que só podem ser fabricadas em laboratórios avançados, que são em grande maioria de propriedade de governos, ou controlados por eles.

Inicialmente, acreditava-se que o envenenamento teria ocorrido por meio do chá que Navalny bebeu no dia. No entanto, depois que se recuperou, ele rastreou os indivíduos que acreditava terem participado de seu atentado. Passando-se por uma autoridade da área de segurança, Navalny conseguiu enganar um expert em armas que teria admitido que o caso foi mesmo de envenenamento. E a maior parte do agente químico teria sido plantada na cueca dele. O governo russo negou novamente as acusações.

Fonte: O Sul

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