Muito se tem falado que o que está acontecendo hoje na Ucrânia pode ser o embrião de uma Terceira Guerra Mundial. Pois, nesta semana, foram feitos alguns pronunciamentos que levaram o mundo a temer por esta conflagração. Ainda bem que surgiu no caminho um dirigente que recolocou as coisas no lugar. O torpedo endereçado a detonar a conflagração mundial foi lançado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, que reuniu em Paris seus parceiros da OTAN e da União Europeia para juntar esforços, enfatizando que a Rússia não pode ganhar a guerra que trava com a Ucrânia. Porque, segundo ele, depois daquele país, outros integrantes de uma dessas organizações, ou de ambas, poderiam ser a próxima vítima. E disse mais: que estaria disposto a enviar forças da França para lutar ao lado das ucranianas.

A resposta com o estopim para a conflagração maior veio do presidente russo, Vladimir Putin. Disse que a presença de uma força de país membro da OTAN lutando dentro da Ucrânia representaria uma declaração de guerra. “O mero fato de discutir a possibilidade de enviar alguns contingentes de países da OTAN para a Ucrânia é um novo elemento muito importante. Neste caso, nós temos de falar não sobre a possibilidade, mas sobre a inevitabilidade de uma guerra entre Rússia e OTAN”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

A voz lúcida que surgiu para acalmar os ânimos foi do primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Sholz. Macron, que conseguiu reunir vários chefes de governo europeus, além de figuras de destaque da área militar, foi enfático ao dizer que Putin não pode vencer, porque depois da Ucrânia virão outros países. Sholz também havia compactuado com essa afirmativa, que fora feita após a Rússia, na semana passada, ter rompido o cerco à cidade de Avdiivka, avançado para tomar mais áreas no leste ucraniano. Sholz, no entanto, se referia a um incremento na ajuda à Ucrânia, mas em termos de armamentos, suprimentos e recursos de logística.

Macron foi mais longe e assustou seus parceiros, a ponto de o dirigente alemão precisar fazer um pronunciamento enfático a respeito do tipo de ação a ser desenvolvida. E aproveitar para clamar ao congresso norte-americano para liberar a ajuda que o presidente Joe Biden está pleiteando. O Senado dos Estados Unidos, liderado pelos democratas, aprovou em 13 de fevereiro pacote de ajuda de US$ 95,34 bilhões para a Ucrânia, Israel e Taiwan. No entanto, a tramitação enfrenta um caminho incerto na Câmara dos Deputados, controlada pelos republicanos. Ou seja, para Sholz, assim como para seus parceiros da OTAN, nada de tropas da organização na Ucrânia.

Acontece que os temores de que Vladimir Putin irá atacar outros países se vencer a guerra contra a Ucrânia procedem. Macron, ao fazer sua proposta, se baseava no momento atual, numa proposta de paz apresentada por parte de Putin e nos acontecimentos da História. O momento é de avanço das forças russas dentro da Ucrânia. A contraofensiva ucraniana, iniciada em junho passado, não saiu do lugar. Pelo contrário, recuou na semana passada com o fato de as forças russas terem tomado a cidade de Avdiivka, que vinha sendo disputada havia sete meses.

Com este avanço que abre mais o caminho para as forças russas dominarem a província do Donbas, Putin resolveu fazer uma proposta par o fim da guerra, o que nada mais é senão uma rendição da Ucrânia. Quer que esta seja toda desarmada, declare que não irá fazer parte da OTAN e que seja reconhecida a hegemonia russa sobre a Crimeia e o Donbas. E aí é preciso lembrar a História, como na Segunda Guerra, por exemplo, quando o então primeiro ministro britânico Neville Chamberlain decidiu entregar para a Alemanha as terras que lhes foram tomadas pelo Tratado de Versalles, visando sossegar Hitler, e o tiro saiu pela culatra. Hitler aceitou, mas foi adiante e todo mundo sabe no que deu.

Não é sem razão que pequenos países vizinhos da Rússia e que já sentiram o tacão de Moscou, como Moldávia e Geórgia, estão pleiteando sua integração à OTAN e à União Europeia. Querem seguir o mesmo caminho percorrido pela maior parte dos países que orbitavam Moscou, logo após o término da União Soviética. Um caminho que, vide o que levou a Rússia a atacar a Ucrânia, se torna quase impossível no atual momento.

Especialmente, como se vislumbra, se Putin ser o vencedor da atual guerra. Mas o temor das garras de Putin paira também sobre outros países que hoje fazem parte da OTAN, como as repúblicas bálticas, Estônia, Letônia e Lituânia, assim como a Polônia. Esta decidiu investir pesadamente em armamentos. Aliás, conforme ressaltei na coluna de terça-feira, 27, a Europa toda decidiu investir maciçamente em armamentos, temendo o efeito Donald Trump. Até porque o cenário de uma confrontação com a Rússia segue no radar. Assim como desta vez o mal foi cortado pela raiz, nada impede que ali adiante um pequeno mal-entendido seja o detonador dessa tão temida Terceira Guerra Mundial.

Fonte: CP

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