Diretor-geral da Polícia Federal representa contra o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro por ele ter dito que foi coagido
O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Passos Rodrigues, fez uma representação contra o tenente-coronel Mauro Cid no Supremo Tribunal Federal (STF) na noite de quinta-feira (21). Em áudios divulgados pela revista Veja, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro afirma que o inquérito da PF que apura a tentativa de golpe de Estado é uma “narrativa pronta”.
O diretor da PF afirmou à jornalista Míriam Leitão do jornal O Globo que as declarações foram vistas “com gravidade” e que a corporação busca um esclarecimento no STF.
“Ninguém acusará a PF e o STF dessa forma e ficará incólume”, disse.
“Vimos com gravidade as falas publicadas na reportagem. Representamos ao STF para que ele esclareça, já que somos levianamente acusados”, disse o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, à CNN.
Nesta sexta-feira (22), após a divulgação dos áudios, Cid foi convocado a comparecer a uma audiência com o desembargador Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, para esclarecer as acusações à Operação Tempus Veritatis.
Após o término da audiência de confirmação dos termos da colaboração premida, foi cumprido mandado de prisão preventiva expedido pelo ministro do Supremo contra Mauro Cid, por descumprimento das medidas cautelares e obstrução à Justiça.
Nos áudios, Cid ainda disse que Alexandre de Moraes já tem a sentença dos investigados e que no “momento que ele achar conveniente, denuncia todo mundo, o PGR acata, aceita e ele prende todo mundo”. O tenente-coronel também afirmou que a PF queria que ele falasse coisas sem conhecimento ou que não aconteceram, pois os investigadores do inquérito “não queriam saber a verdade” sobre a tentativa de golpe de Estado, e sim confirmar a narrativa deles.
Por meio de nota, a defesa de Cid admitiu que a voz nas gravações divulgadas pela revista são do militar, mas alegou que as declarações são “meros desabafos” do investigado.
A defesa do militar afirmou ainda que os áudios não “comprometem a lisura, seriedade e correção dos termos de sua colaboração premiada firmada perante a autoridade policial”.
Mauro Cid foi preso em maio do ano passado pela PF durante a investigação sobre fraudes em cartões de vacina contra a covid-19. Em setembro ele foi solto após homologação da delação premiada, em que apontou Bolsonaro como o mandante das fraudes no sistema do Ministério da Saúde. Ainda foi revelada a existência de reuniões golpistas entre o ex-presidente e comandantes das Forças Armadas para tentar impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
Fonte: O Sul