Conselho de Veterinária do RS alerta para o risco de zoonoses e cuidados com animais em função da enchente

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O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS) alerta sobre orientações fundamentais diante da tragédia que assola o Estado, especialmente no que diz respeito aos animais. As pessoas que residem em áreas com risco de inundações, é essencial identificar seus cães, gatos e gaiolas com seu nome completo, cidade e número de telefone. Essa identificação pode ser feita nas coleiras ou improvisada com papel plastificado. É recomendado o uso de lápis, pois oferece maior durabilidade e não se apaga facilmente

Essa medida simplifica o processo de resgate e aumenta as chances de devolução dos animais aos tutores. O CRMV-RS alerta que as pessoas não deixem os animais acorrentados sob nenhuma circunstância, independentemente do porte. Dessa forma, eles têm a oportunidade de buscar um local seguro. A fuga pode ser a diferença entre viver ou morrer.

Em períodos de enchentes, é comum que animais silvestres, como serpentes, jacarés e lagartos, apareçam. Assim como nós, eles estão tentando voltar para casa. É importante ter cautela e cuidado. Ao encontrar esses animais, a orientação é não tentar retirá-los do local sozinho, pois as pessoas podem se ferir ou cometer um crime ambiental. Esses animais, inclusive os peçonhentos, são protegidos por lei.


Ao avistar este tipo de animal as pessoas devem se comunicar com à Patram (51) 98501.6672 ou com à Sema-RS (51) 98593.1288 para a remoção do animal e para receber outras orientações. O Centro de Triagem de Animais Silvestres (cetas) está recebendo animais resgatados.

É preciso lembrar que esses animais são muito importantes no controle de ratos e outros vetores de doenças. O CRMV-RS também expressa profunda preocupação em relação às zoonoses que podem surgir como consequência das fortes chuvas que afetam o Rio Grande do Sul.

As recentes precipitações intensas que resultaram em alagamentos, enchentes e deslizamentos de terra, criam condições propícias para a disseminação de doenças transmitidas pela água contaminada.


“É essencial estarmos atentos às orientações das autoridades de saúde e seguir as medidas preventivas recomendadas. Juntos, podemos mitigar os riscos associados às zoonoses e garantir a segurança de nossa comunidade”, destaca o presidente do CRMV-RS, Mauro Moreira.

A Comissão de Saúde Única do CRMV-RS, diante da situação de calamidade em que se encontra o nosso estado, recomenda as seguintes medidas:

• Evite o contato direto com água e lama: Mantenha-se afastado de áreas alagadas e lodosas, especialmente se não estiver devidamente protegido.
• Alimentos e medicamentos (humanos e animais): Caso tenham entrado em contato com água de enchente deverão ser adequadamente descartados para evitar contaminação.
• Proteja-se durante a limpeza: Ao realizar trabalhos de limpeza após as chuvas use luvas e botas de borracha para evitar o contato direto com materiais contaminados.
• Mantenha animais de estimação protegidos: Evite que seus animais entrem em contato com água ou lama provenientes das enchentes e siga as orientações de médicos veterinários.
• Se sua casa for inundada, aguarde a água baixar, remova a lama e desinfete o local, sempre usando luvas, botas de borracha ou outro tipo de proteção para braços e pernas, como sacos plásticos duplos.
• Caso a caixa d’água seja atingida pela água de enchente ou lama descarte a água e desinfete o reservatório.
• Objetos, móveis e paredes e demais utensílios devem ser lavados com sabão e água sanitária (20 litros de água + 800 ml de água sanitária a 2,5%), deixar secar naturalmente. Roupas e calçados também devem ser lavados com água e sabão e desinfetados com água sanitária conforme a indicação do fabricante.

Saiba quais são as principais zoonoses agravadas por enchentes:

Leptospirose: A leptospirose é uma doença bacteriana sendo comumente associada a enchentes. O agente pode estar presente na urina de animais que servem tanto como reservatório, quanto como fonte de infecção, como, por exemplo, os roedores. Qualquer pessoa que tiver contato com a água ou lama contaminada poderá se infectar através da pele intacta que fique imersa por muito tempo na água ou por meio de lesões existentes. Água e alimentos contaminados também são fontes de transmissão da leptospirose. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, dores musculares, icterícia e insuficiência renal.

Dengue, Zika e Chikungunya: Estas três doenças virais são transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti, que se prolifera em recipientes com água parada, situação muito comum durante chuvas intensas e enchentes. Este mosquito vive nas residências e arredores e costuma picar durante o dia (início da manhã ou final de tarde). Os sintomas incluem febre, dores no corpo (inclusive nas articulações), dor de cabeça, dor atrás dos olhos e erupções cutâneas.

Hantavirose: Doença viral transmitida por roedores silvestres, podendo se manifestar sob diferentes formas, desde doença febril aguda inespecífica até quadros pulmonares e cardiovasculares severos. A transmissão se dá frequentemente pela inalação de aerossóis formados a partir da urina, fezes e saliva de roedores infectados, podendo ocorrer também através da pele, devido à presença de escoriações ou mordeduras de roedores. Os sintomas incluem febre, dor nas articulações, dor de cabeça e sintomas gastrointestinais, podendo evoluir para dificuldade de respirar, aceleração dos batimentos cardíacos e tosse seca, entre outros.


Toxoplasmose: Doença parasitária que pode afetar humanos e animais. As formas de transmissão para humanos podem ocorrer por meio da ingestão de alimentos e água contaminados, principalmente. Desta forma, busque ingerir água filtrada ou água mineral, alimentos cozidos e vegetais higienizados. Os sintomas em humanos incluem febre, dor de cabeça, dores musculares e inflamação dos gânglios linfáticos.

Em caso de qualquer sintoma descrito acima procure imediatamente o atendimento médico e durante a consulta informe se esteve em contato com água ou lama de enchente. É importante também relatar onde você trabalha, pois algumas dessas doenças são consideradas ocupacionais.

Fonte: O Sul

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