Emocionado, Renato admite dificuldades no retorno do Grêmio: “Não é fácil”
Há quase um mês sem jogar por conta das enchentes no Rio Grande do Sul, o Grêmio se prepara para voltar aos gramados na próxima quarta-feira, quando enfrentará o The Strongest, no estádio Couto Pereira, em Curitiba, pela Copa Libertadores.
Mesmo treinando há pelo uma semana no CT do Corinthians, em São Paulo, o técnico Renato Portaluppi acredita que o time será prejudicado e falou sobre o emocional do grupo.
“Está sendo muito difícil esta parte psicológica. Eles estão com a cabeça aqui, mas sempre com a preocupação com o nosso povo. A maioria tirou a família de lá. O cenário é muito ruim”, comentou, muito emocionado, o treinador durante entrevista coletiva nesta sexta-feira.
Ele também projetou os próximos jogos do Grêmio pela Libertadores e no Brasileirão. “O Grêmio vai ser e está sendo muito prejudicado. Os outros clubes não têm culpa. Os clubes estão jogando e o Grêmio está praticamente um mês sem jogar. A desigualdade é muito grande. A cabeça dos jogadores está muito ruim. Somente quem esta morando lá que sabe o sofrimento que o povo está passando”, ressaltou o treinador, afirmando que o clube também irá sentir a falta de ritmo de jogo.
“Até recuperarmos o ritmo de jogo, o adversário vai ter muita vantagem sobre a gente”. Portaluppi ainda observou a falta da torcida e pediu que qualquer torcedor, inclusive os de outros clubes, compareça no Couto Pereira.
“O teste final vai ser na próxima quarta-feira, no dia do jogo, como eles (jogadores) vão se sentir(psicologicamente). Por isso que essa desigualdade é muito grande. Por que se a gente pudesse jogar na nossa Arena, poderíamos abraçar o nosso público e o público abraçar o grupo. Como a gente joga fora de casa, a parte psicológica vai ser fundamental. Todo torcedor que possa comparecer no Couto Pereira que vá”.
O presidente Alberto Guerra também concordou com a opinião do técnico e disse que não há mais equilíbrio técnico entre as demais equipes com as gaúchas. “O equilíbrio técnico já foi pro espaço, visto que alguns clubes não vão poder utilizar suas estruturas dos seus estádios. É só o pegar o percentual de dentro de casa do campeão, do vice e do terceiro lugar e ver a dificuldade que é o campeonato brasileiro. Mas isso a gente vai discutir no Conselho Técnico segunda-feira. Também vamos escutar dos outros clubes quais as razões que eles entendem o campeonato. A gente sabe que lá as decisões têm que sair unânimes e acho muito difícil,” avaliou.
CBF e demais clubes do Campeonato Brasileiro se reúnem na próxima segunda-feira para discutirem o rumo das competições nacionais e debater sobre os times gaúchos.
Um pedido de não rebaixamento para as equipes do Estado pode ser feita, mas somente em decisão conjunta, admitiu Guerra.
A questão emocional ainda é visivelmente o principal adversário da comissão e dos jogadores. “Eu tenho família no Rio Grande do Sul. Penso, manhã, tarde e noite. Tenho ajudado bastante, o grupo também. É a cabeça… é difícil falar. “, lembrou Renato, que falou que nada voltará ao normal, mesmo depois que águas baixem.
“Muita gente perdeu tudo. Como essas pessoas vão fazer? Se não está sendo fácil para gente aqui, imagina o povo lá”, falou emocionado. “A gente vai dar volta por cima. O sofrimento é grande mas, com nossas forças, vamos vencer de novo”.
Obras do entorno
O presidente do Grêmio ainda comentou sobre as obras do entorno da Arena, que nunca saíram do papel, para os bairros Farrapos e Humaitá, e sobre a possibilidade do clube adotar a região. “Passaram-se 10,12 anos e a solução não chegou. A gente fez uma reunião com o ministro Paulo Pimenta (ministro da Reconstrução no RS) sobre uma ajuda aos clubes e a gente quer colocar o entorno junto. Agora, se vai vir ou não… tem um burocracia pela frente. É uma região que sofre com qualquer chuva e nós precisamos resolver esse problema. A verdade é que o poder público nada fez”.
Fonte: CP