Petrobras registra primeiro prejuízo em quase quatro anos
Pela primeira vez desde setembro de 2020, a fechou um trimestre com
prejuízo. Na primeira divulgação de resultados da gestão de Magda
Chambriard, a companhia anunciou, na última linha do balanço, um resultado final negativo em R$ 2,6 bilhões. Fatores extraordinários como a desvalorização do real frente ao dólar e provisão envolvendo acordo tributário com a Fazenda impactaram o lucro líquido, sem efeito sobre o caixa, informou a Petrobras. Apesar do prejuízo, a empresa divulgou o pagamento de R$ 13,57 bilhões em dividendos aos acionistas, sendo parte do valor oriundo de reserva de capital criada no ano passado.
No fim de junho, o dólar se valorizou 11,2% em relação ao real. A desvalorização da moeda brasileira no período teve efeitos negativos no resultado financeiro da companhia. A S.A., no Brasil, tem dívidas em dólar com subsidiárias integrais do grupo no exterior e, quando a moeda americana sobe, há uma piora no balanço financeiro da holding, uma vez que a moeda operacional da empresa no país é o real. A informou que a variação cambial impactou o resultado contábil devido a obrigações em dólar entre empresas do sistema Petrobras.
Chambriard disse, no comunicado do resultado, que a variação cambial não teve efeito no caixa nem no patrimônio da empresa, mas impactou a contabilidade interna da companhia. Fernando Melgarejo, diretor financeiro da Petrobras, acrescentou: “O resultado líquido do trimestre deve ser analisado à luz de eventos que impactaram o resultado contábil, mas sem impacto relevante no caixa da empresa.”
Outro fator que pesou foi o acordo com o Ministério da Fazenda que pôs fim a litígio da estatal com o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), por tributação de remessas ao exterior para pagar afretamento de embarcações. A Petrobras fez provisão de cerca de US$ 2,1 bilhões envolvendo o acordo com o Carf.
A receita líquida da Petrobras no segundo trimestre ficou em R$ 122,25 bilhões, alta de 7,4% ante igual período do ano passado. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) caiu 12,3%, a R$ 49,7 bilhões, na comparação anual. A dívida líquida no fim de junho ficou em US$ 46,16 bilhões, 9,4% acima da apurada um ano antes.
O último prejuízo da Petrobras havia sido registrado no terceiro trimestre de 2020, na pandemia, quando teve queda de receitas por fatores como adesão a programas de anistia tributária e recompra de títulos. Antes, no primeiro trimestre de 2020, a empresa havia registrado resultado ainda pior, com prejuízo de R$ 48,52 bilhões.
Na ocasião, o resultado refletiu baixa contábil por perda no valor de ativos e
investimentos (“impairment”) de R$ 65,3 bilhões no período, em meio ao choque dos preços do petróleo no mercado externo a partir de março de 2020. Até então, o pior resultado da estatal havia sido no quarto trimestre de 2015, de R$ 36,94 bilhões, também puxado por baixas contábeis na gestão de Aldemir Bendine, no governo Dilma Rousseff.
Quanto à distribuição de R$ 13,6 bilhões em dividendos, parte dos recursos, R$ 6,4 bilhões, virá da reserva estatutária de R$ 22 bilhões relativa aos dividendos extras de 2023. No segundo trimestre, a companhia teve caixa para remunerar os acionistas. Ainda assim, R$ 15,5 bilhões vão continuar na reserva de capital criada pela empresa.
A remuneração aos acionistas corresponde a R$ 1,05320017 por ação ordinária e preferencial em circulação e o pagamento será feito em duas parcelas. A primeira será no dia 21 de novembro, no valor de R$ 0,52660009 por ação, sendo R$ 0,11384838 sob a forma de dividendos e R$ 0,41275171 sob a forma de juros sobre o capital próprio. A segunda parcela, no valor de R$ 0,52660008 por ação será paga no dia 20 de dezembro.
A Petrobras revisou a projeção de investimentos para 2024, para a faixa entre US$ 13,5 bilhões e US$ 14,5 bilhões. Os valores consideram de US$ 11,1 bilhões a US$ 12,1 bilhões em exploração e produção.
Fonte: O Sul