Brasil já tem 153 patrões investigados por coação eleitoral de funcionários
Levantamento do Ministério Público do Trabalho (MPT) mostra que o número de denúncias de assédio eleitoral por parte de empregadores já supera o das últimas eleições no mesmo período, com 153 registros relacionados a empresas e órgãos públicos do País. A esta altura, em 2022 haviam sido somente 11 — o segundo turno da eleição presidencial, contudo, elevou o número para 3.606 denúncias naquele ano.
O assédio eleitoral ocorre quando patrões pressionam empregados a votar em determinado candidato, ameaçam-nos com a perda do emprego caso alguém não seja eleito ou prometem benefícios em troca de votos. Até 2022, eram atos classificados como assédio moral — o que impede a comparação com disputas municipais anteriores.
Na avaliação do procurador-geral do Trabalho, José Lima Ramos Pereira, a tendência neste ano é de mais denúncias também no setor público, com a pulverização dos interesses pelas prefeituras e maior proximidade entre candidatos e eleitores:
“A possibilidade é muito grande de chegar um prefeito, um secretário, um vereador e dizer: vai todo mundo lá agora na praça assistir ao discurso do candidato tal. Isso, de certa forma, sempre existiu e já era assédio, só que as pessoas não percebiam ou davam importância”, explicou.
A prefeitura de São Paulo, sob a gestão de Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, está na mira dos procuradores. Um inquérito civil foi aberto em agosto após o MPT constatar indícios de assédio eleitoral. De acordo com uma denúncia, integrantes da administração enviavam mensagens de textos a subordinados que ocupavam cargos comissionados cobrando a participação deles em reuniões políticas. Também perguntavam se participariam de eventos de campanha de Nunes e até se aceitariam colocar propaganda do prefeito em seus carros.
A prefeitura de São Paulo afirmou, em nota, que o posicionamento eleitoral é livre, que eventuais ocorrências serão analisadas e possíveis correções aplicadas em caso de descumprimento.
Episódios semelhantes também foram registrados em outras cidades. Em Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba (PR), procuradores apuram se funcionários de um órgão público da cidade foram coagidos a tirar férias durante o período das eleições para que façam campanha em prol do candidato da chefia. O MPT não informou de qual repartição se trata sob o argumento de não atrapalhar a investigação.
Fonte: O Sul