Área queimada no Brasil neste ano já é o dobro da registrada em 2023

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A área queimada no Brasil este ano mais do que dobrou em relação a 2023. Desde janeiro, foram destruídos quase 11,4 milhões de hectares (cerca de 11 milhões de campos de futebol), alta de 116% em relação ao ano passado. O levantamento é do Monitor do Fogo, do MapBiomas, que reúne ONGs, universidades e empresas de tecnologia.

A escalada de focos de fogo em todo o País é a pior desde o início da série histórica do MapBiomas, de 2019. Em várias regiões do Brasil, a fumaça de incêndios tem deixado o ar poluído e causado fenômenos como a “chuva preta”, registrada no Rio Grande do Sul. Em São Paulo, o tempo seco deve se estender pelo menos até este domingo (15).

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi alertado antecipadamente sobre a seca e o risco de incêndios florestais no Brasil. Uma série de documentos incluindo ofícios, notas técnicas, atas de reuniões e processos judiciais mostra que a gestão petista tinha ciência do que estava por vir desde o início do ano.

O Ministério do Meio Ambiente afirmou que o governo se antecipou, mas que ninguém esperava eventos nas proporções atuais e que não é possível controlar a situação se o “povo” continuar provocando incêndios. Segundo o MapBiomas, quase três em cada quatro hectares (70%) queimados foram de vegetação nativa, boa parte no Cerrado. Praticamente a metade (49%) dos incêndios se concentrou no mês de agosto.

Só em agosto foram 5,65 milhões de hectares destruídos, área equivalente à do Estado da Paraíba. Repetindo o padrão registrado ao longo do ano, quase dois terços (65%) da extensão queimada em agosto foi de vegetação nativa, boa parte (25%) nas áreas de savana.

Ou seja, o Cerrado foi o bioma com a maior área destruída em agosto deste ano, com 2,4 milhões de hectares, o equivalente a 43% de todo o trecho queimado no País.

“Agosto trouxe um cenário alarmante para o Cerrado, com aumento expressivo da área queimada, a maior dos últimos seis anos”, afirmou Vera Arruda, pesquisadora do Instituto de Pesquisa da Amazônia (Ipam) e coordenadora do trabalho. “O bioma, que é extremamente vulnerável durante a estiagem, viu a maior extensão de queimadas dos últimos anos, refletindo a baixa qualidade do ar nas cidades.”

Na Amazônia foram 2 milhões de hectares destruídos apenas em agosto. Os Estados que mais queimaram foram Mato Grosso, Pará e Mato Grosso do Sul. Os municípios mais afetados foram São Félix do Xingu (PA), Corumbá (MS) e Porto Murtinho (MS).

“No mês de agosto, o fogo na Amazônia avançou de maneira preocupante, com um aumento significativo na área queimada em comparação ao ano passado”, avaliou Ane Alencar, diretora de ciências do Ipam e coordenadora do MapBiomas Fogo.

“Pelo menos 30% da área queimada foi de formação florestal. A combinação de atividades humanas e condições climáticas desfavoráveis, como a seca, estão intensificando a ocorrência de incêndios, especialmente em áreas de pastagem e vegetação nativa.”

Entre janeiro e agosto deste ano foram destruídos 615 mil hectares de Mata Atlântica – 500 mil deles apenas em agosto. Quase três em cada quatro hectares (72%) eram de áreas agropecuárias, sendo a de cana-de-açúcar a mais impactada, com 215 mil hectares queimados em agosto.

A área queimada em São Paulo nos primeiros oito meses do ano foi de 430 mil hectares. Somente em agosto foram 86% da área total – um aumento de 2.510% em relação à média dos últimos seis anos. Foram 356 mil hectares queimados a mais do que no mesmo mês em anos anteriores. O fogo atingiu predominantemente áreas agropecuárias (88,7%), especialmente de cultivo de cana-de-açúcar. Os municípios mais afetados foram Ribeirão Preto, Sertãozinho e Pitangueiras.

Fonte: O Sul

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