Desempenho de parlamentares nas eleições municipais é alerta para 2026, avaliam analistas

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Dos 82 deputados federais que concorreram a cargos de prefeito e vereador nas eleições municipais de 2024, apenas seis foram eleitos no primeiro turno. Outros 15 seguem na disputa, avançando para o segundo turno, marcado para 27 de outubro. Embora o desempenho dos parlamentares nas eleições locais fosse o esperado, considerando a dinâmica das disputas pelos executivos municipais, analistas políticos consultados pelo R7 avaliam que os derrotados devem acender o alerta para o ajuste de estratégias, com foco especial nas eleições gerais de 2026.

O cientista e analista político Lucas Galvão ressalta que os resultados das eleições para os parlamentares podem indicar um desalinhamento entre os congressistas e suas bases eleitorais. Ele enfatiza que o desempenho eleitoral evidencia o desafio de converter a influência em nível nacional em uma base local sólida.

“Esses resultados revelam os desafios de traduzir a relevância nacional em capital político local. Portanto, podemos interpretar isso como uma complexidade que o Congresso Nacional enfrenta ao construir uma base de apoio sólida em diferentes esferas de governo, principalmente nas suas bases”, aponta.

Daniel Pinheiro, professor de administração pública, avalia que as derrotas de deputados e senadores nas eleições municipais servem como um alerta para as equipes dos parlamentares. No entanto, ele destaca a particularidade que envolve a participação de deputados nessas eleições: para concorrer, eles apenas precisam se licenciar de seus cargos. Caso não sejam eleitos, podem retornar ao exercício do mandato parlamentar.

“É uma corrida eleitoral muito cômoda. Alguém que já está em um cargo sai para concorrer e, caso não ganhe, pode voltar. Mas perder é sempre um alerta. O desempenho nas eleições deve ser observado, pois, ao concorrer a prefeito, eles estão competindo em suas próprias bases. Se almejam reeleição ou têm outros objetivos, a ausência de vitória serve como um sinalizador”, comenta.

Ainda assim, para os deputados e senadores que disputam a eleição municipal, essa pode ser uma oportunidade de sair fortalecidos, mesmo que não sejam eleitos.

Um exemplo disso é Guilherme Boulos (PSOL), que em 2020 concorreu à Prefeitura de São Paulo e foi para o segundo turno com Bruno Covas (PSDB). Embora tenha perdido a eleição, Boulos conseguiu consolidar seu capital político e, em 2022, foi o deputado federal mais votado do estado de São Paulo.

“Aqueles que ainda vão para o segundo turno têm a chance de estabelecer seu nome. Mesmo que não se elejam, uma eleição municipal é fundamental para fortalecer a visibilidade e ampliar suas bases”, pontua.

Nessas eleições, 15 deputados candidatos continuam na disputa pelo segundo turno, com destaque para a cidade de Natal (RN), onde dois deputados, Paulinho Freire (União) e Natália Bonavides (PT), concorrem ao cargo de prefeito. Deputados federais também disputam em outras seis capitais: Belém, Cuiabá, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre e São Paulo.

Entre os senadores, apenas Rodrigo Cunha (Podemos-AL), dos quatro que se candidataram, venceu. Ele compôs a chapa do atual prefeito da capital alagoana, João Henrique Caldas (PL), e será vice-prefeito da cidade.

“O segundo turno é importante para se tornar mais conhecido pelos eleitores e, mesmo sem vitória, é uma oportunidade de alcançar um desempenho satisfatório para futuras eleições. Agora, é um jogo de xadrez, onde é preciso estudar cuidadosamente as estratégias, tanto para quem ainda está no segundo turno quanto para os derrotados, a fim de entender o caminho para 2026. Para esses, a corrida para 2026 começa agora, seja por correção de rotas ou pelo aprofundamento de estratégias em relação às suas bases”, explica Daniel Pinheiro.

Entre os 82 parlamentares que participaram das eleições, 73 concorreram ao cargo de prefeito, dois como vice-prefeito e sete como vereadores.

A disputa pelas eleições municipais paralisou os trabalhos na Câmara e no Senado durante o segundo semestre do ano. Isso porque a maioria dos parlamentares ou estava concorrendo a cargos nos municípios, ou retornou às suas bases eleitorais para apoiar aliados políticos durante esse período.

Fonte: R7

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