Dólar fecha no patamar mais alto em quase três meses; veja motivos

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O dólar encerrou a semana valendo R$ 5,70, a maior cotação em quase três meses, depois de flertar com este patamar desde a sexta-feira passada (18). Só em outubro, a moeda valorizou 5%, saindo dos R$ 5,43 do último dia de setembro, até o valor de fechamento mais recente.

A atual cotação não era alcançada desde o último dia 5 de agosto, quando os mercados do mundo inteiro enfrentaram um dia de estresse único, no dia que ficou conhecido como segunda sangrenta. Naquele dia, o dólar encerrou o dia valendo R$ 5,74.

No acumulado da semana, a divisa registrou leve variação, de 0,12%, enquanto nesta sexta subiu 0,74%. O dólar foi influenciado desde segunda (21) por indicadores da economia americana. Os novos dados corroboraram com a tese de analistas. Eles apostam que o Fed, o banco central americano, cortará o juros de forma mais branda já a partir da próxima reunião, que acontece no dia 6 de novembro.

Para Marco Maciel, economista-chefe do Banco Fibra, a divisa, que vinha sofrendo forte influência do lado doméstico, agora possui um aumento do impacto internacional. Isso porque tanto a disputa eleitoral nos EUA como dados recentes da atividade daquele país, que vem indicando uma maior resiliência, demonstram que o dólar tende a seguir mais forte:

“Primeiro há o risco de uma atividade num patamar relativamente mais forte, haja visto os últimos dados de mercado de trabalho. Segundo, a inflação norte-americana, em função da atividade em patamar elevado, que se acomoda num ritmo de atividade superior do que o Fomc gostaria, acaba elevando a parte curta (da curva de juros). E, na parte mais longa, há os efeitos de uma incerteza maior com relação a alguns impulsos de choques de preços na economia americana caso Donald Trump seja eleito”, diz Maciel.

A percepção do especialista é que essa resistência da atividade americana deve elevar o juro americano a um patamar mais elevado por mais tempo. E, com pautas protecionistas na manga, como taxação maior a importados, um eventual retorno do republicano tende a contribuir para um juro básico mais alto.

Mas, para o analista, os investidores seguem na expectativa do anúncio de novas medidas para contenção de gastos aqui no Brasil. As dúvidas persistentes do mercado sobre a condução da política fiscal seguem contribuindo com o patamar.

“Tanto o lado externo quanto o doméstico possuem forças igualmente importantes na determinação do câmbio nesse patamar. Por aqui, a incerteza continua vingando, com mercado aguardando o fim do segundo turno para que vejamos o anúncio das mudanças estruturais nos gastos”, explica Maciel.

Ele se refere ao planejamento do Ministério da Fazenda de anunciar medidas estruturais de contenção de gastos após o segundo turno das eleições municipais, marcado para este domingo (27).

Segundo Maciel, uma “surpresa positiva” do anúncio não deve diminuir muito o atual patamar diante da pressão internacional:

“Ainda vejo o mercado com certa cautela em relação a apresentação dessa abordagem mais estrutural dos gastos no Brasil. Se (o anúncio) frustrar, eu vejo o juro longo acima de 13%, o que equivale a um câmbio mais próximo de R$ 5,80. Se for uma grata surpresa, o câmbio pode cair. Mas o cenário externo é um limite inferior para apreciação do real”, ele diz, elencando que vê um “piso” de até R$ 5,50.

Fonte: O Sul

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