Saiba quais fatores influenciam a alta do dólar

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A cotação do dólar bateu recordes, passando dos R$ 6 nos últimos dias. Mas esse patamar não é resultado de um só motivo. Uma sequência de fatores combinados interferem no quanto a divisa custa em comparação com o real e isso muda todos os dias. A principal dinâmica para entender tudo isso é a relação entre oferta e procura. Significa que quanto mais gente quer comprar dólares, mais o preço tende a subir. No atual cenário, com a eleição do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a tendência é que governo dos EUA adote medidas protecionistas e inflacionárias. Isso deverá resultar na elevação dos juros no país, o que tem atraído investidores para o mercado americano, valorizando sua moeda em razão da demanda. Isso porque o retorno das aplicações se torna mais rentável e atraente.

No Brasil, os fatores internos que mexeram com o dólar, foram motivados principalmente pelo anúncio de cortes no Orçamento do governo federal. O mercado não recebeu bem as medidas e a desconfiança em relação à política fiscal desencadeia, por exemplo, na saída de investidores, que convertem seus reais em dólares. Isso aumenta a demanda pela divisa norte-americana, elevando seu custo em relação ao real.

O valor da moeda sofre outros impactos positivos ou negativos dependendo do comércio exterior. De forma geral, se o Brasil exporta mais do que importa, tem superávit, ou seja, saldo positivo. Dessa forma, há maior demanda por reais no exterior para pagar pelos produtos que o Brasil vende. Isso pode ajudar a fortalecer o real ante o dólar, já que mais pessoas precisam comprar reais para negociar conosco.

Conflitos e guerras em determinados países também influenciam nesse processo, pois os negócios costumam ficar mais inseguros no mundo todo. Por isso, o investidor tende a retirar seus recursos de mercados emergentes, como o Brasil, por exemplo, e transferir para nações consideradas fortes e estáveis. Em uma situação assim, isso resulta em uma saída de dólares do Brasil, aumentando a demanda pela moeda norte-americana e pressionando o preço para cima na comparação com o real.

Na prática

O dólar influencia a rotina até daquelas pessoas que não viajam para o exterior e, teoricamente, não usariam a moeda. A cotação alta pode encarecer itens que dependam de peças e insumos importados para sua fabricação, já que as negociações são feitas em dólar. Esse movimento, conforme o economista e professor da PUCRS Gustavo Moraes, possibilita também que a inflação suba. Dessa forma, o custo de vida é afetado indiretamente, sobretudo em áreas de maior dependência de importações ou de commodities cotadas em dólar, afetando custos como o do litro da gasolina e de produtos eletrônicos.

n Por outro lado, o professor titular do Departamento de Economia da Ufrgs Fernando Ferrari Filho observa que as exportações tendem a crescer com o dólar mais caro, já que os preços dos produtos exportados passam a ser mais competitivos. Em situação contrária, havendo uma valorização do real frente ao dólar, o que ocorreu nos primeiros quatro anos do Plano Real, por exemplo, as importações aumentam e as exportações deixam de ser competitivas no mercado exterior. Efeitos também são vistos nos salários em reais, que passam a ficar mais altos na comparação internacional.

Fonte: CP

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