Nicolás Maduro toma posse pela terceira vez na Presidência da Venezuela
O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, tomou posse de seu terceiro mandato como presidente nesta sexta-feira (10) para um mandato de seis anos. No poder até no mínimo 2031, ele deve superar Hugo Chávez e Simón Bolivar como o presidente mais longevo da história da Venezuela.
A cerimônia ocorreu em Caracas apesar dos protestos da oposição venezuelana, que acusa o regime de fraude eleitoral, e da repressão aos dissidentes nos atos da quinta-feira (9). Edmundo González, candidato opositor que diz ter vencido a eleição prometeu retornar à Venezuela nesta sexta para tentar impedir a posse, mas até agora não há indícios de que isso tenha acontecido.
Crise na Venezuela
A cerimônia foi acompanhada, segundo o chavismo, por convidados de 125 países. O Brasil enviou a embaixadora Glivânia Maria de Oliveira para a cerimônia. Outros países de esquerda da região, como o México e a Colômbia, também enviaram embaixadores. O Chile não enviou ninguém.
Poucos os chefes de Estado e governo estiveram presentes em Caracas. Entre eles estavam os ditadores de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e o da Nicarágua, Daniel Ortega.
Maduro venceu as eleições de julho em meio a denúncias de fraude. Atas de colégios eleitorais reunidas pela oposição e verificadas por centros de monitoramento e por órgãos de imprensa internacional indicam a vitória de González por ampla margem.
A cerimônia foi breve e conduzida pelo presidente da Assembleia Nacional, o chavista Jorge Rodríguez. Após uma breve apresentação, Maduro tomou o juramento.
“Juro que este novo mandato presidencial será um período de paz”, disse ele a Rodríguez, que replicou: “Está investido no cargo de presidente constitucional.”
Em nota, a oposição venezuelana qualificou a cerimônia de “golpe de Estado”.
Pela manhã, o governo da Venezuela fechou nesta sexta-feira, 10, sua fronteira com a Colômbia, horas antes da posse. A fronteira colombiana com o Estado venezuelano de Táchira é a principal entrada por terra no país. A fronteira com o Brasil permanece aberta.
Oposição intimidada
Ontem, os antichavistas acusaram o regime de prender temporariamente a líder opositora María Corina Machado após um protesto. Ela foi liberada depois de algumas horas pelo governo, segundo a oposição, mas os chavistas negam tê-la detido.
“Estou bem, estou segura. Hoje, 9 de janeiro, saímos para uma concentração maravilhosa, me perseguiram. Deixei cair minha carteira, a carteirinha azul onde tinha meus pertences. Caiu na rua e estou viva e salva. A Venezuela será livre”, disse María Corina no vídeo.
Não ficou imediatamente claro quem a deteve, embora o evento estivesse lotado de forças de segurança do governo. Segundo o jornal opositor La Patilla, a ativista venezuelana Magalli Meda confirmou a detenção por agentes de segurança do regime chavista. De acordo com jornal, pelo menos 17 motocicletas cercaram o local onde ela estava.
O regime negou as denúncias. “Uma invenção, uma mentira”, disse o ministro do Interior e Justiça da Venezuela, Diosdado Cabello, o número dois do chavismo.
Manifestações em Caracas e nos principais centros populacionais dos 23 Estados do país, em apoio a Edmundo González ocorreram ontem com uma adesão menor que a esperada. A opositora não era vista em público há quase cinco meses.
(Estadão Conteúdo)