MP deflagra operação contra criminoso que usa nome de autoridades para aplicar golpe dos nudes

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio Grande do Sul (Gaeco/MPRS) deflagrou nesta terça-feira a “Operação Verdade Nua”, em Gravataí. O alvo é um criminoso que estava usando o nome e a imagem de autoridades do Estado para aplicar o golpe dos nudes. No entanto, outro objetivo do Gaeco é alertar sobre a continuidade desta prática que caracteriza extorsão e falsa identidade.
O golpista gaúcho tentou extorquir uma vítima, que é do Nordeste, dizendo ser, inicialmente, um adolescente que queria iniciar um relacionamento com troca de fotos íntimas. Depois, ele ou algum comparsa se passou por autoridade da área jurídica – após supostamente ter sido acionado pela família – para tomar medidas cabíveis, por envolver um menor de idade. No entanto, também oferecia um acordo ao exigir dinheiro com o objetivo de não levar a investigação adiante e até para realizar um tratamento psicológico do suposto adolescente.
Operação Verdade Nua
A operação realizada nesta terça-feira e a investigação, iniciada em janeiro, são conduzidas pela promotora de Justiça Maristela Schneider, coordenadora do 2º Núcleo do GAECO – Região Metropolitana. Segundo ela, a própria vítima acionou o MPRS após desconfiar que era um golpe e verificar que o DDD era 51. Até por isso, não pagou os valores exigidos.
De posse destas informações e por meio de autorização judicial, os agentes cumpriram um mandado de busca e apreensão em Gravataí, com apoio da Brigada Militar e do Tobias, cão farejador que atua pelo Gaeco. Toda a ação foi supervisionada pelo coordenador do Gaeco no Estado, promotor de Justiça André Dal Molin, que participou da operação.
Ainda sobre as ordens judiciais, também foram autorizadas a quebra de sigilo bancário, telefônico e telemático, bem como deferidos os bloqueios de contas bancárias e chaves pix utilizadas para golpes por parte do criminoso. Ele usa tornozeleira eletrônica e já responde a processo criminal por tentativa de homicídio e outros delitos.
A promotora Maristela Schneider alerta que esta ação também tem como objetivo mostrar que os golpistas estão usando nomes de autoridades e também busca identificar mais vítimas, bem como, a participação de outros envolvidos no golpe.
“Neste caso que apuramos, os investigados usaram o nome do procurador-geral de Justiça do Estado, mas já se fizeram passar também por policiais civis e militares, juízes e até outros promotores de Justiça”, destaca Maristela. A promotora alerta ainda que “autoridades não entram em contato exigindo dinheiro de pessoas, até porque isso também configura crime e deve ser denunciado”.
Golpe dos nudes
O criminoso de Gravataí agiu como se fosse um adolescente. Neste caso apurado pelo Gaeco, após o golpista acionar uma vítima e manter contato inicial pelo Instagram, trocou números de telefones com ela e ambos passaram a conversar pelo WhatsApp para dar início a contatos com maior intimidade. A vítima até chegou a desconfiar inicialmente, mas logo passou a trocar fotos íntimas com o suposto adolescente.
Criminoso, usando outro telefone, agiu como se fosse uma autoridade. Depois dos contatos como se fosse um menor e de posse das imagens, o criminoso ou até mesmo um comparsa deu início à extorsão. O golpista entrou em contato com a vítima dizendo ser o procurador-geral de Justiça e que foi alertado pela família do suposto adolescente. O objetivo da autoridade, que na verdade é um golpista, foi dizer que a vítima estava cometendo um crime ao trocar nudes com um menor de idade.
Como a vítima desconfiou e suspeitou ser um golpe, o criminoso, se passando pelo procurador-geral, disse que iria tomar providências na área criminal, mas, para evitar maiores danos, propôs pagamento de determinado valor para não adotar medidas cabíveis e para não divulgar as fotos íntimas. Como a vítima percebeu ser um golpe, a conversa terminou e o MPRS foi acionado.
Como evitar
– Antes de tudo, lembrar que pedofilia é crime, mas, sempre ficar alerta para não iniciar conversas com perfis desconhecidos, evitar a troca de nudes e não fazer transferência de valores para desconhecidos.
– Analisar o perfil e desconfiar se ele tiver poucos contatos ou informações pessoais, além disso, ficar alerta a flertes exagerados e a pedidos rápidos para troca de fotos íntimas.
– Se já estiver mantendo contato com alguém desconhecido, solicitar videochamadas e, se possível, pedir um documento.
– Tentar marcar um encontro em local público para ver se a pessoa aceita, já que um golpista irá evitar isso.
Como denunciar
Antes de denunciar, sempre registre um boletim de ocorrência. No Rio Grande do Sul, procurar também o MPRS. Se morar em Porto Alegre, o contato pode ser feito pelo telefone (51) 3295-1100 e, no Interior do Estado, entre em contato com a Promotoria de Justiça mais próxima pelos telefones disponibilizados no site do MPRS. O contato também pode ser feito pelo email atendimentovitimas@mprs.mp.br ou diretamente pelo canal de denúncias do site do MPRS.
Fonte: CP