João Campos assume PSB com missão de fortalecer partido e garantir Alckmin com Lula em 2026

Com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o prefeito de Recife (PE), João Campos, assumiu neste domingo (1º) a presidência nacional do PSB, partido que tem a vice-presidência da República e dois ministérios no governo petista. À frente do PSB, João dá sequência ao histórico da família na legenda, que já foi comandada por seu pai, Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo em 2014, e por seu bisavô Miguel Arraes.
O evento em Brasília contou ainda com a presença do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Ele foi recebido pela militância do PSB aos gritos de “sem anistia”, em referência ao movimento da oposição para tentar blindar os envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro.
Motta elogiou os “bons quadros” do partido, como o vice-presidente Geraldo Alckmin, e disse ter comparecido ao evento em “gratidão” à bancada da legenda na Câmara.
Em seu discurso, Alckmin agradeceu a presença de Lula, dizendo não ser comum um presidente da República comparecer a congresso de outro partido. Ao destacar o papel do partido no apoio ao governo, ele afirmou se sentir honrado em ser “companheiro de trincheira” do petista na luta pela democracia.
“Dizem, presidente, Ernest Hemingway, que houve um diálogo em que um soldado e pergunta ao outro: “Quem é seu companheiro de trincheira?” E o outro respondeu: “De que isso importa?” A resposta: “Importa mais do que a própria guerra”. Estamos honrados, presidente, de ser seu companheiro de trincheira na luta pela democracia”, afirmou.
Aos 31 anos, João Campos é uma das principais promessas de renovação das lideranças de esquerda no País. Ele foi reeleito para prefeito de Recife com 78% dos votos e tem liderado pesquisas de intenção de voto para o governo de Pernambuco.
Na presidência do PSB, terá como missão manter a aliança com o PT na chapa presidencial de 2026, além de ampliar a bancada da sigla na Câmara, hoje com 14 deputados. Outro desafio é retomar o governo de Pernambuco.
O novo dirigente do partido já comunicou a Lula que é prioridade do PSB manter Geraldo Alckmin na vice-presidência na campanha eleitoral do ano que vem. Em 2022, Alckmin foi o símbolo da frente ampla que deu ao petista o terceiro mandato presidencial, mas uma ala do PT tem defendido mudar a chapa para garantir novos apoios no próximo pleito.
João defende a expansão do arco de apoio, com a aproximação não só de partidos, como também de setores de centro da sociedade, contra a polarização marca o cenário político brasileiro. Mas não em detrimento da aliança entre PT e PSB.
“Alckmin virou um grande companheiro de partido e vice-presidente. A nossa expectativa e o que o partido vai defender é a manutenção desta aliança de Lula e Alckmin para presidência e vice-presidência da República em 2026. Essa é a visão que o partido tem e que vamos trabalhar. Quem diz é o tempo da política, disse João Campos após sua eleição à presidência do partido.
Em seu discurso, Lula não fez nenhuma menção direta à escolha do vice no ano que vem, mas elogiou Alckmin e disse que a construção da chapa em 2022 é a demonstração de que a “democracia não tem limite”.
Em outro momento, fez uma referência à disputa entre os partidos de esqueda e disse que é necessário tornar essa disputa “civilizada”.
“Fazemos as disputas todas, mas quando vemos o final das eleições, a direita elege o dobro do que a esquerda progressista. Já cometemos erros demais. Temos que pensar o seguinte: o que queremos daqui para frente?”, afirmou.
Segundo o presidente, os políticos têm de respeitar a decisão de candidaturas do partido.
“Se você quer fazer o que pensa, seja candidato avulso, se quiser ser do partido, obedeça ao partido. — A minha relação com o PSB é carnal, estamos ligados umbilicalmente. Nossas divergências acontecem unicamente nisso: é um vereador que não quer aceitar, um governador que não quer aceitar”, salientou. As informações são do jornal O Globo.