“Brasil com S de Soberania”: governo Lula lança campanha após tarifaço de Trump

Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado a taxação de 50% sobre produtos brasileiros, o governo federal lançou, na quinta-feira (10), uma campanha voltada à soberania nacional. Com o slogan “Brasil com S de Soberania”, a peça responde o tarifaço anunciado pelo político americano.
Em um vídeo de trinta segundos divulgado nas redes oficiais do governo, o tom é de ironia:
“Quem não é daqui, costuma escrever Brasil com Z. Mas esses gringos não sabem das coisas, porque aqui Brasil se escreve com S”, diz o locutor.
Lançada na quinta-feira, a campanha busca combinar reação política com engajamento digital em meio à tensão internacional. Ao adotar um tom leve e afirmativo, o governo tenta disputar a narrativa pública e ressignificar a taxação como símbolo de resistência nacional.
O presidente dos Estados Unidos determinou, na quarta-feira (9), a aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A medida foi divulgada em carta publicada na rede Truth Social e tem efeito amplo: vale para todos os bens importados do Brasil, independentemente do setor ou tipo de mercadoria.
O texto cita a Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA, que permite ao governo norte-americano retaliar países considerados culpados de práticas comerciais “injustas” ou “desleais”. A decisão deve encarecer os produtos brasileiros nos Estados Unidos e reduzir a competitividade de exportadores nacionais. Trump também advertiu que qualquer tentativa de retaliação por parte do Brasil será respondida com acréscimos tarifários proporcionais.
Diante da repercussão internacional e dos possíveis efeitos econômicos, o governo Lula decidiu se antecipar com uma campanha focada na ideia de soberania nacional. A resposta oficial do governo será dada por um grupo de trabalho com a presença de ministros e empresários. A hipótese de adotar a Lei da Reciprocidade é considerada.
China
O Ministério das Relações Exteriores da China criticou nesta sexta-feira (11) a tarifa de importação de produtos brasileiros anunciada esta semana pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“A igualdade de soberania e a não-intervenção em assuntos domésticos são princípios importantes da Carta da ONU e normas básicas nas relações internacionais”, disse a porta-voz do ministério, Mao Ning, ao ser questionada por uma repórter sobre o que achava da tarifa de 50% a produtos brasileiros anunciada por Trump.
“Tarifas não deveriam ser uma ferramenta de coerção, intimidação ou interferência.”
Sem citar especificamente o Brasil, o chanceler chinês, Wang Yi, também criticou a política de tarifaços dos EUA nesta sexta-feira. “As tarifas dos Estados Unidos minam a ordem do comércio internacional”, afirmou.
Foi a primeira manifestação de Pequim desde o “tarifaço” de Trump ao Brasil, que abriu uma crise diplomática entre Washington e Brasília.
O anúncio de Trump sobre o aumento da tarifa aos produtos brasileiros veio logo após o fim da cúpula do Brics, grupo do qual a China também faz parte, realizada na semana passada no Rio de Janeiro.
Dois dias antes, o presidente norte-americano também ameaçou os países do Brics com um novo tarifaço. O argumento do republicano foi o de que o grupo, segundo ele, estaria tentando enfraquecer os EUA e substituir o dólar como moeda padrão global.
Fonte: O Sul