Entre potências: como o Brasil tenta sustentar sua estratégia em um mundo reordenado

Em meio à ofensiva tarifária dos Estados Unidos sob o segundo governo Trump e a reconfiguração da ordem global, o Brasil tenta manter sua linha histórica de independência diplomática. A movimentação ocorre em um cenário de transição, no qual potências disputam influência e parceiros estratégicos.

A carta enviada pelo governo norte-americano, que impõe novas tarifas a produtos brasileiros e cobra mudanças internas, acendeu um alerta sobre os limites do diálogo bilateral. O episódio revelou tensões acumuladas e levantou questionamentos sobre o papel que o Brasil poderá — ou deverá — desempenhar em um cenário cada vez mais multipolar.

Autonomia como tradição diplomática

O esforço brasileiro de manter uma política externa autônoma se ancora em uma tradição de defesa do multilateralismo e da solução pacífica de controvérsias. Para o professor Eduardo Svartman, do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), essa postura segue como linha condutora, mesmo diante de desafios impostos por um cenário internacional cada vez mais volátil. “O Brasil aposta nos mecanismos multilaterais e em estratégias de longo prazo, sem se alinhar automática ou exclusivamente a nenhuma grande potência”, afirma.

Segundo Svartman, a recente pressão vinda dos EUA não altera a estatura do Brasil no sistema internacional nem sua estratégia de fundo. Ele ressalta que o país tem procurado navegar em meio ao conflito entre grandes potências sem se vincular formalmente a nenhum bloco específico. “A crise tarifária não muda o papel internacional do Brasil. Trata-se de uma estratégia de longo prazo, que busca explorar vantagens em uma ordem em transição e fortalecer o que sobrou dos mecanismos multilaterais.”

Fonte: CP

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