Inter: sob pressão, Roger Machado precisa de bom resultado contra o Fluminense

Dois jogos, duas derrotas, uma vaga em jogo e um treinador pressionado. O clima no Beira-Rio, neste início de agosto, é de expectativa e tensão. Após perder para o Fluminense pela Copa do Brasil e, dois dias depois, para o São Paulo pelo Brasileirão, ambas por 2 a 1, o Inter se vê na obrigação de fazer bem mais do que um bom jogo amanhã, no Maracanã. O novo duelo contra o Fluminense, pelas oitavas da Copa do Brasil, passou a valer muito mais do que uma vaga. Vale também — e talvez principalmente — o emprego de Roger Machado, que vai resistindo às ondas de pressão que vêm da arquibancada, das redes sociais e, cada vez mais, dos bastidores do clube.
A derrota para o São Paulo, no domingo à noite, teve direito a roteiro conhecido e final pouco surpreendente. Mas o que chamou atenção foi o pós-jogo. Primeiro, uma longa conversa no vestiário. Roger falou aos jogadores pedindo entrega, união e responsabilidade. Foi, segundo relatos internos, um momento de remobilização do grupo.
Depois, o treinador se reuniu com os dirigentes. A pauta da reunião, oficialmente, não incluiu a palavra “demissão”. Mas, extraoficialmente, a sua situação é complicada. Em sua entrevista, o técnico admitiu que o futebol vive de resultados e que o rendimento do time não é bom. “Nos maus momentos, com todo direito, o torcedor pode se manifestar. Não é a primeira vez que a gente passa por isso. O futebol vive de vitórias. Quando os resultados não aparecem, a torcida pede mudanças. Mas eu me sinto prestigiado. As instabilidades acontecem. Esta está demorando um pouco mais, mas também vai passar”, disse.
Com duas derrotas consecutivas e desempenho frágil em campo, o técnico sabe que um novo tropeço pode representar o ponto final de sua passagem pelo clube. A direção ainda sustenta Roger. “Não é pauta mudança no departamento. A nossa situação é que temos jogo na quarta-feira e não trabalhamos com essa hipótese (saída de Roger). Temos confiança total no Roger. Precisamos todos ter uma autocrítica e fazer uma remobilização. Fizemos uma cobrança para todos”, afirmou o vice de futebol, José Olavo Bisol, em uma entrevista tumultuada na zona mista do Beira-Rio, no final da noite de domingo.
A crise, no entanto, vai além das quatro linhas. Contra o São Paulo, o Beira-Rio registrou o pior público da temporada. A torcida, que parece já não acreditar muito no rendimento do time, agora também duvida da direção. E as vaias tímidas do passado recente começam a soar mais altas e mais direcionadas.
Internamente, todos reconhecem que trocar o treinador não é uma decisão fácil. Roger sempre se identificou com o projeto do Inter. Trabalhou com o que tinha, improvisou soluções, respeitou limites orçamentários. Mas no futebol, como o próprio Roger costuma dizer, “o jogo é por resultado”. E, neste momento, os resultados não jogam a favor.
A partida contra o Fluminense, portanto, virou um divisor de águas. Classificar-se no Maracanã pode salvar a temporada e o cargo de Roger. Mas outra derrota, ainda mais com atuação apática, pode abrir espaço para mudanças no comando técnico e, quem sabe, no departamento de futebol como um todo.
Fonte: CP