Beto Albuquerque diz que é ‘impensável’ partido continuar no governo Eduardo Leite

O ex-deputado Beto Albuquerque quebrou no final de semana o silêncio que lideranças do PSB no Estado vêm adotando a respeito da crise da legenda em solo gaúcho, e que a deixou sem comando. Conforme Beto, deve ocorrer na primeira quinzena de setembro a reunião da executiva nacional do partido, colegiado que ele integra, e que selará o destino dos socialistas aqui.

A nacional vai decidir se homologa a direção eleita em março ou se nomeia uma comissão provisória, e, ainda, se acata ou não as denúncias feitas pelo grupo encabeçado por Beto sobre possíveis irregularidades naquela eleição. Em função das disputas internas, desde 31 de julho o partido está sem comando no Estado.

Beto admite que, há poucos dias, propôs mais uma vez ao comando nacional a nomeação de uma comissão provisória mista no RS, com vigência até março de 2026, composta por cinco integrantes do grupo ao qual ele se opõe, e quatro de sua ala, mas a sugestão não prosperou. “Foi uma proposta no sentido de construir conjuntamente. Mas parece que não querem (o grupo oposto), o que mostra que o objetivo deles não é construir, e sim aniquilar quem pensa diferente”, dispara.

A ala que tinha mandato até 31 de julho é a mesma que elegeu o novo comando. Composta, entre outros nomes, pelos dois únicos deputados, o federal Heitor Schuch e o estadual Elton Weber, ela está na base aliada e tem cargos no governo Eduardo Leite (PSD). Esta ala considera que o PSB no RS tem um eleitorado majoritariamente de centro-direita e deseja apoiar o vice-governador Gabriel Souza (MDB) para a sucessão de Leite, sem pleitear cargos na chapa majoritária.

O grupo encabeçado por Beto pretende reaproximar o partido no RS do governo Lula e apoiar sua reeleição no próximo ano, trabalhando pela manutenção de Geraldo Alckmin (PSB) no cargo de vice. Também almeja tirar o PSB da base de Leite e integrar, no Estado, uma frente ampla de centro-esquerda. Entre as possibilidades, trabalha para atrair a ex-deputada Manuela D’Ávila, pré-candidata ao Senado, para a sigla.

“Se parlamentares gaúchos deixarem PSB, outros serão eleitos”, projeta ex-deputado

Na avaliação de Beto, reaproximar o PSB do campo à esquerda no RS é condição para marcar posição na correlação de forças em 2026. “A eleição de 2026 vai ultrapassar questões ideológicas: será decisiva para a democracia. É uma eleição muito séria para que o PSB do RS não esteja 100% sintonizado com a aliança nacional que estamos construindo em torno do presidente Lula.”

Segundo o ex-deputado, em função do cenário, é “impensável” o PSB seguir apoiando o governo Leite. “O governador está e estará em outra. Possivelmente será candidato a senador dentro de um grupo político cujo pensamento é completamente divergente do nosso. Essa incoerência, em um momento como este, não pode prosperar.”

Sobre a possibilidade de que os dois deputados e outras lideranças acabem deixando o PSB se a executiva eleita não for reconhecida e ocorra a nomeação de uma comissão provisória, Beto é taxativo. “Em março tem janela partidária, não haverá problema se quiserem sair. Se deputados saírem, elegeremos outros deputados. O que não podemos é conviver com esta ameaça, de um pessoal assim meio Donald Trump, do tipo: ou é como eu quero, ou eu saio. Para alguns casos aqui do PSB do RS, de fato a melhor solução é a porta da rua. Quem ameaça ficar ou sair, é porque na verdade está com planos de ir embora.”

Fonte: CP

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