BC divulga resolução que cria crédito de R$ 12 bilhões para produtores do RS renegociarem dívidas

O Banco Central divulgou, nesta sexta-feira, a resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) que cria a linha de crédito de R$ 12 bilhões para os produtores rurais renegociarem dívidas oriundas de perdas com eventos climáticos recentes, como os anos sucessivos de enchentes ou estiagens vividos em solo gaúcho. De acordo com o presidente da Fetag-RS (Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul), Carlos Joel da Silva, a medida é importante mas ainda não resolve a questão.
“Precisa sair a normatização do BNDES para os agentes financeiros. Estamos cobrando para sair o mais rápido possível. A Fetag fez uma pressão forte e enfim saiu essa resolução”, comentou.
Ele enfatizou a urgência da questão. “Se demorar para sair a normativa, muitos produtores não vão conseguir financiar a próxima safra. A agricultura tem tempo e o tempo está passando.”
A Medida Provisória anunciada pelo governo federal durante a 48ª Expointer prevê a liberação de R$ 12 bilhões para Os recursos são oriundos do superávit financeiro apurado em 31 de dezembro de 2024 de fontes supervisionadas por unidades do Ministério da Fazenda.
Para o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, o tamanho da safra gaúcha dependerá de como as medidas anunciadas se mostrarão efetivas e em tempo de aliviar a situação dos agricultores endividado. Apesar disso, ele tem expectativa de que algo consiga ser colhido. “Faz anos que a gente não consegue colher. São sucessivos problemas climáticos que têm levado a maior parte da nossa produção. Colher é o que a gente mais quer, mas o tamanho da área plantada vai depender da capacidade do acesso ao crédito”, disse o economista, para quem há um grau de incerteza muito grande sobre a safra de 2026.
Ele aponta que foram mais de sete meses entre o início das conversas, em fevereiro, e a divulgação das medidas na abertura oficial da Expointer 2025. “Existe uma época certa para fazer o plantio. As plantas não podem esperar pela burocracia. Entre sair as resoluções, o produtor resolver sua vida no agente financeiro e comprar o insumo, levam dias. Isso não acontece do dia para a noite. Então, a safra 2026 está em aberto no Rio Grande do Sul”, completou.
A Farsul aponta ainda que alguns produtores que trabalham no cultivo do milho já iniciaram a fase de implantação das lavouras. Entretanto, são aqueles agricultores que já conseguiram, por conta própria, acessar o crédito para a safra. Ainda restam produtores que não sabem se conseguirão dar início à semeadura.
O mesmo vale para o cultivo na soja, que normalmente começa a ser plantada entre o final de setembro e início de outubro. “Não é uma tarefa fácil. Não temos condições de fazer estimativa de área plantada”, citou o economista.
Fonte: CP