Trigo gaúcho recuou em setembro e tende a baixar mais

O trigo no mercado brasileiro teve um setembro de baixa, com encolhimento nas cotações de 5,2%, conforme a consultoria Safras & Mercado. O recuo mais acentuado de deu no Paraná, 10,7%, enquanto no Rio Grande do Sul a desvalorização foi de 4%, percentual semelhante ao registrado em Minas Gerais, e em Goiás baixou 3,8%.

Segundo o analista e consultor de Safras & Mercado Elcio Bento, a queda paranaense refletiu o avanço da colheita e a transição dos preços da safra velha para os da nova. Já nas lavouras gaúchas os trabalhos de colheita ainda não começaram, os preços seguem atrelados à safra anterior.

“A queda de setembro responde a um cenário que é de preços internacionais em baixa, câmbio também baixo, num nível de R$ 5,30. Então, duas variáveis formadoras de preços externos estão para baixo. E, além disso, temos a questão interna que é a proximidade da safra nova”, descreve Elcio Bento, analista e consultor de Safras & Mercado.

E, segundo ele, o que ocorreu em setembro já se observa também em outubro, mas com uma queda mais forte, uma vez que os preços de safra velha já estavam recuando, em torno de R$ 1.200 por tonelada, e os moinhos nem estão comprando mais. “O moinho sabe que daqui a pouco vai entrar trigo”, explica, visto a proximidade da safra 2025, ainda que no RS esteja atrasada pelo plantio depois do esperado.

Bento avalia, inclusive, que os preços gaúchos podem acompanhar o recuo mais forte ocorrido no Paraná. “E, talvez, até com maior intensidade, porque no Paraná tem uma produção inferior ao consumo, e os moinhos tendem a não ficarem tão na defensiva para derrubarem os preços porque sabem que vai faltar trigo na entressafra”, analisa.

Ao contrário do Rio Grande do Sul, com produção superavitária, o que leva até a uma paridade de exportação. “Então, teria que competir no mercado internacional com o câmbio, que não é favorável para a exportação, e achatará ainda mais os preços”, complementa.

Clima ruim melhoria cotação
O analista menciona que o preço de safra nova no RS fica em torno de R$ 1.100/tonelada, portanto até abaixo da anterior. “Então, esse ajuste vai ocorrer. A partir de outubro já começamos a falar de preço de safra nova e vão recuar. A queda em relação ao ano passado é de 9%, e assim que entrar a safra, tende a se intensificar”, projeta.

Segundo ele, o estancamento da redução das cotações poderia se dar em caso de quebra se safra, como excesso de chuva em outubro e novembro, condição climática que comprometeria a qualidade do cereal, e levaria a um volume menor e, assim, os preços reagiriam. “Só que daí o produtor vai ter que vender a preços mais baixos, de trigo pra ração, semelhante a milho internacional para a ração”.

A projeção da consultoria para a área plantada no Rio Grande do Sul é de 1,04 milhão de hectares, e até agora, visto condições climáticas favoráveis, a projeção é de produtividade de 3.200 quilos por hectare e, assim, para uma produção de 3,330 milhões de toneladas. Mas o andamento climático vai definir se o potencial produtivo será alcançado.

Já a produção global é recorde, com preços do trigo americano “bastante competitivos”, define Bento, e o mercado internacional como um todo está em baixa, assim como o preço do milho pressionado acaba competindo com o trigo para a ração no mundo.

Efeito trigo argentino
O consumo global de trigo é em torno de 800 milhões de toneladas, das quais 150 milhões se destinam à ração, cereal este que poderia ser utilizado para consumo humano. “Se para competir com o milho para a ração está muito barato, os caras não vendem trigo para a ração, e acabam vendendo para moinhos, sobra mais trigo para moinhos e os preços caem”, descreve.

Outra questão relevante para o mercado é o trigo argentino, que também corre os mesmos riscos climáticos que o cereal gaúcho, mas por ora apresenta uma safra sem problemas e com potencial para ser recorde.

“Então, muito trigo argentino, como aconteceu na safra passada, é mais um fator baixista para o nosso mercado, e com este dólar abaixo de R$ 5,50, o trigo argentino barato potencializa a tendência de baixa para os preços”, adverte Bento.

Fonte: CP

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