Michelle culpa governo por tarifaço, critica feminismo e reclama de pressão a Bolsonaro para indicar sucessor

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) queixou-se em entrevista à AFP sobre a pressão para que o marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro, escolha um nome para representar a direita nas eleições presidenciais de 2026. Na conversa com a agência francesa, publicada nesta sexta-feira (17), Michelle também culpou o governo federal pelo tarifaço imposto pelo presidente americano Donald Trump.
Michelle também disse que o marido, condenado à prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo da trama golpista, é alvo de uma “farsa judicial”. Para ela, as sanções dos Estados Unidos “vieram por culpa dos nossos governantes” e de “autoridades brasileiras (…) que violam direitos humanos e princípios democráticos”.
Na entrevista, que foi concedida por escrito, Michelle diz que “ainda é cedo” para falar em candidaturas. O nome da ex-primeira-dama é cotado para disputar os cargos de vice-presidente ou senadora.
“Qualquer decisão que eu venha tomar em relação a possíveis candidaturas passará por um debate profundo com o meu marido, com minhas filhas, com o PL e, em especial, será fruto de muita oração para que eu tenha o discernimento quanto à missão que Deus, eventualmente, queira me confiar”, disse Michelle.
“Bolsonaro é e continuará sendo o maior líder da direita no Brasil”, acrescentou ela, que também se queixou das tentativas de impor ao ex-presidente “uma antecipação de indicações de candidatos”.
Em outro trecho da reportagem da AFP, Michelle fala sobre o feminismo. A agência afirma que Jair Bolsonaro é “criticado por expressões machistas” e lembra episódios como quando o ex-presidente referiu-se à filha como “fraquejada”. Para a ex-primeira-dama, o feminismo “deixou de se preocupar com as necessidades reais das mulheres para mergulhar nos objetivos duvidosos da agenda ‘woke’”.
Lula
A ex-primeira-dama publicou, em suas redes sociais, imagens do encontro do presidente Lula (PT) com o Bispo Samuel Ferreira, da Igreja Assembleia de Deus Madureira, que ocorreu na tarde desta quinta-feira. O post foi acompanhado pela indicação de três versículos bíblicos que tratam de temas como injustiça, proteção divina e a impossibilidade de “servir a dois senhores”.
Também esteve presente na reunião o advogado-geral da União Jorge Messias, membro da Igreja Batista Cristã e favorito para ser indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que vem angariando apoio de alas mais progressistas e também de conservadores no segmento evangélico para assumir o cargo.
A líder do PL Mulher indicou mensagens dos livros de Apocalipse (capítulo 22, versículo 11), Números (capítulo 24, versículo 9) e Mateus (capítulo 6, versículo 24). Michelle costuma utilizar mensagens religiosas para abordar assuntos políticos nas redes, como após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando publicou versículos sobre mentiras, injustiças e parcialidade.
“Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro”, diz a mensagem do livro de Mateus, indicada por Michelle.
Já o versículo do livro de Apocalipse possui a seguinte mensagem: “Continue o injusto a praticar injustiça; continue o imundo na imundícia; continue o justo a praticar justiça; e continue o santo a santificar-se”.
Sobre proteção e justiça divina, Michelle indicou um trecho do livro bíblico de Números: “Como o leão e a leoa eles se abaixam e se deitam, quem ousará despertá-los? Sejam abençoados os que os abençoarem, e amaldiçoados os que os amaldiçoarem”.
Na reunião, Lula esteve com o Bispo Samuel Ferreira, da Igreja Assembleia de Deus Madureira. Ferreira foi apoiador de Bolsonaro na eleição de 2022, e levou o então presidente a um culto na sede de sua Igreja no Brás, em São Paulo, durante campanha do segundo turno, disputada justamente contra o petista. Na igreja, Bolsonaro chamou Lula de “inimigo”.
Fonte: O Sul