Inter: novo fracasso expõe falhas no planejamento para a temporada
Um novo fracasso, outra vez no Beira-Rio e diante da torcida, sacudiu os alicerces colorados. Fora da Copa do Brasil e da Sul-Americana e praticamente alijado da busca pelo título brasileiro, o Inter começará a pensar em 2025 já a partir deste momento. Uma mudança geral no comando do vestiário está sendo cogitada, uma vez que a pressão interna pelas saídas do vice de futebol Felipe Becker e do diretor esportivo Magrão é grande. O técnico Roger Machado, que assumiu na semana passada, fica, mas precisará reverter a série de nove jogos sem vitórias para manter-se no cargo, como ele próprio confirmou após a partida contra o Rosario Central, na noite de terça-feira. “No futebol, só o que garante a continuidade de um trabalho são as vitórias”, afirma.
As causas da crise são evidentes. O Inter começou a temporada prometendo a volta dos títulos à torcida. Abriu os cofres e investiu pesado na contratação de jogadores que elevaram a folha de pagamentos mas não deram resposta em campo. Primeiro, ficou fora da final do Gauchão. Agora, em um período de tempo de apenas alguns dias, caiu da Copa do Brasil e da Sul-Americana, deixando o Brasileirão como derradeira competição do ano.
Porém, nem um dos tropeços recentes pode ser creditado ao acaso. Eles são reflexo dos erros dos próprios dirigentes, que aceitaram a demissão de Eduardo Coudet em meio às decisões em ambos os torneios sem que houvesse no clube alguém em condições de substituí-lo, mesmo que de forma interina − a comissão técnica não tem um auxiliar permanente desde a saída de Cauan de Almeida, no início da temporada. O Inter precisou fazer dois jogos, um contra o Juventude, pela Copa do Brasil, outro pela Sul-Americana, contra o Rosario, com Pablo Fernandez, que é técnico do time sub-20, na casamata.
Na noite de terça-feira, após a partida, nenhum dirigente do Inter apareceu para dar explicações para a torcida sobre o resultado. Quem surgiu na sala de imprensa, cumprindo o protocolo estabelecido pela Conmebol, foi Roger Machado e Alan Patrick. “Esses momentos de instabilidade podem ser transformados na medida que se consegue canalizar a energia da frustração. Foi o torcedor que veio aqui, encheu o estádio e nos deu a motivação inicial para o jogo. Agora, temos que trabalhar para encontrar as soluções necessárias para superar a fase”, afirmou o técnico.
Roger também confirmou que há cobranças internas, apesar de estar há pouco tempo no clube. Relatos de pessoas próximas do vestiário confirmam que alguns jogadores mostraram-se revoltados com o resultado diante do Rosario Central e que alguns deles chegaram a cobrar uma postura mais atenta dos demais. O preparador físico Paulo Paixão, que participou da conquista dos maiores títulos da história colorada, falou que os jogadores que não se importam com um fracasso como o vivido na noite de terça-feira não podem estar em um clube como o Inter. Esse é o clima.
Fonte: CP