Problemas do Inter pós-Gauchão vão além da “corda esticada” na largada do ano

O futebol e as vozes ecoantes de um vestiário de um clube de futebol têm algumas peculiaridades em comum. Uma delas a de que a materialização de conquistas a partir de um título no armário sustenta a história por trás do percurso até ele. Fosse essa ideia recheada de verdades absolutas e não haveria contestações. No entanto, é justamente por o futebol ser repleto de objetividade e outras tantas subjetividades de quem o envolve que o torna muito mais do que uma simples equação de causa e consequência.

Não foram por outras razões que o jejum de títulos e a possibilidade do octa regional do rival que o Inter mobilizaram uma série de cabeças brancas na véspera da decisão do Gauchão. Enquanto o outro lado convocou jovens influenciadores digitais, o lado vermelho dobrou a aposta levando dirigentes experientes para que fossem vistos pelo vestiário dando luz ao momento nevrálgico na temporada. Sim, era a metade do terceiro mês do calendário e a hora era decisiva.

A faixa no peito e a energia despendida para vesti-la, porém, com o passar da temporada serviram de explicação para o que aconteceu com o time de Roger Machado a partir dali. O preço da tão falada “corda esticada” para retomar a hegemonia tem um quê subjetivo que somente as paredes do Parque Gigante poderem mensurar. No entanto, é preciso atentar para que outras subjetividades posteriores não tornem o todo inquestionável.

O desgaste não é exclusivo dos atletas de Paulo Paixão. O Inter não é o time que mais jogou na temporada. Também não é o segundo e não é o terceiro. E nem o quarto. Curiosamente os<CW-17> quatro brasileiros participantes do Mundial (sem contar os jogos do torneio nos EUA) foram quem mais jogaram, conforme levantamento do site GE. O Fluminense teve 36 jogos, Palmeiras e Flamengo 35, e o Botafogo 33. No embalo da curiosidade, o Grêmio, derrotado no estadual, jogou 33 vezes, uma a mais do que o Colorado. E o Vitória, o primeiro adversário na retomada do Brasileiro, disputou 40 partidas.

Na Libertadores sim o tamanho do desafio refletiu-se no esforço para superá-lo. O que o sorteio sugeria de fato se confirmou. Depois de jogos exigentes contra os colombianos do Atlético Nacional, as ‘decisões’ antecipadas diante do Nacional em Montevidéu e contra o Bahia, com direito à chuva e entrega máxima até de jogadores reservas, para quem olha de fora, exigiram mais do que derrotar o Grêmio de Quinteros ou qualquer time do interior gaúcho.

O mesmo, em tese, poderia se dizer do Maracanã-CE. Pois na Copa do Brasil o sorteio dessa vez foi gentil com o Inter ao colocar um rival inexpressivo. Pois as decisões intramuros direcionaram o uso de 100% do tanque de gasolina tanto no Beira-Rio quanto no Orlando Scarpelli, bem mais perto do que o distante Ceará. Ou seja, “esticar a corda” foi escolha e não necessidade.

Na metade do ano e com um grande objetivo do ano cumprido, o clube se vê nas férias diante de um cenário da qual não imaginava estar. Não importa o discurso ou a força da fibra da corda. Basta ver a tabela do Brasileirão. Dos times grandes e com estofo para comemorar muito mais ainda em 2025, apenas o Inter está entre os rebaixados

“Claro que eu me preocupo (com Z-4), não perco um jogo do Inter, pode ser onde for. Estou sempre ligado, acompanhando e torcendo. Espero que o torcedor também tenha essa paciência, mas que continue dando, no estádio, esse superpoder de superação”, disse Abel Braga, em entrevista ontem na Rádio Guaíba. “Eu acredito na capacidade dessa comissão técnica, na capacidade desses jogadores. O time é muito bom. A continuidade vai ser normal e a volta das vitórias, porque ele é um grande treinador”, completou o treinador aposentado, conhecedor como poucos dos corredores e paredes do Beira-Rio.

Fonte: CP

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