Eleições no Grêmio: “Tenho um desapreço total pela Arena”, diz Canozzi

Carlos Corrêa / Interino

A eleição à presidência do Grêmio este ano promete ser movimentada. De falta de opções, o sócio gremista não poderá reclamar. Depois dos lançamentos das pré-candidaturas de Marcelo MarquesPaulo CaleffiDênis Abrahão e Gladimir Chiele, na segunda-feira, foi a vez do movimento Pró-Grêmio lançar Sérgio Canozzi. Aos 72 anos, o empresário promete ideias ousadas, como a volta para a Azena e um embate direto com a OAS. A seguir, os principais trechos da conversa do candidato com o blog.

MOTIVAÇÃO

“Tudo isso começou com a ideia de ajudar o Grêmio e ver o clube sair desta mesmice que está vivendo há 10 anos. Eu, como especialista na matéria, estruturando grandes operações, com formação em gestão de finanças, me coloco à disposição. O Grêmio tem que mudar de patamar ou vai virar um São José de vida, com todo respeito. Minha motivação é conseguir estabelecer no Grêmio um projeto de governança que faça com que clube volte a ter gestão e que dure pelo menos 10 anos.”

NOVAS RECEITAS

“Existem algumas receitas que são padrão no futebol brasileiro e mundial. O problema dos direitos de TV nem vou discutir, porque sou um idealista das ligas. Já trabalhei quatro anos, a pedido dos presidentes do Flamengo e do Athletico-PR na pré-montagem das ligas.”

O Brasil tem que resolver um problema que se chama Flamengo e Corinthians, que se julgam os donos do futebol brasileiro, e com isso fazer uma única liga. Eu, se vencer, vou trabalhar para isso. Vou botar Flamengo e Corinthians na mesa comigo porque tenho autoridade para isso. Vou acertar uma liga brasileira. As receitas vão dobrar.

“Outra coisa é o marketing. O Grêmio tem 10 milhões de torcedores, é conhecido em todos os quadrantes do mundo e não usa o marketing, é inacreditável. Não é possível que o Grêmio não decuplique as suas receitas de marketing. Vou te dar um pequeno exemplo do Real Madrid, de cujo presidente (Florentino Pérez) sou amigo.

Quando o Real contratou o Kaká e na semana seguinte o Cristiano Ronaldo e anunciou os dois, uma festa enorme, estádio lotado. Ao terminar a cerimônia, o presidente me perguntou: ‘Sabe como paguei essas contratações? Com os ingressos e as camisetas’. Então te pergunto: o Grêmio já fez algum evento desses? Eles contratam 20 jogadores que não valem nada em vez de dois para resolver o problema.”

ARENA

Sou uma viúva do Olimpico. Não vou entrar em detalhes, mas vou dizer o seguinte: a OAS é uma empresa falida que descumpriu o contrato com o Grêmio. Basta eu fazer uma notificação a eles na justiça e eles que cuidem da vida. E ainda assim o Grêmio tem o direito de usar o estádio por oito anos.

O que fazer a partir daí? Não sei. Se tiver uma solução jurídica formal, pode ser usada para várias coisas, até para jogos de futebol, pode se tornar um centro de eventos, mas eu diria que não tenho esse plano. Tenho um desapreço total pela Arena. Mas claro que ninguém vai jogar aquilo para o alto. Vamos avaliar. Se a gestão me custar 100 e eu puder lucrar 500, vamos avaliar. Mas se custar 500 e eu não puder faturar 2 milhões, aí não nos interessa.”

OLÍMPICO

“A Azenha é um bairro nobre de Porto Alegre. É a casa do Grêmio. O Grêmio tem que ter dinheiro para fazer uma Arena e para conseguir fazer a sua sede social, um ginásio para esportes olímpicos e uma área de convivência como sempre tivemos. Como se faz isso? De várias maneiras. Por exemplo, com um empreendimento imobiliário no entorno do estádio, como todos centros de eventos do mundo, o que vai nos permitir gerar receita para fazer a arena.”

MECENAS

“Quando falo em gestão, digo claramente que o Grêmio precisa ter capacidade econômica própria de autogeração. E isso vamos buscar. Agora, onde buscar dinheiro? Trato de projetos de bilhões como empresário e temos n fontes de recursos. Não preciso ir atrás de um milionário pedir dinheiro emprestado. Agora, R$ 2 bilhões não podem sair de uma família. Esse dinheiro tem que ser dinheiro de mercado.”

CHANCES DE ELEIÇÃO

“Conheço gente em todos os quadrantes do Grêmio. Em todos os grupos eu tenho amigos. Não tenho nenhuma dúvida que os 30 votos que preciso para ir para o pátio eu já tenho, nem vou perder tempo com isso. Todos me conhecem e sabem minha capacidade de gestão, meu gremismo e minha doação ao Grêmio. E a eleição não é dos grupos, é do associado em dia. Com quem estamos e vamos nos comunicar mais e mais.”

SAF

Vou dizer uma grande verdade: sou a favor. É a única ferramenta viável para baixar o custo financeiro. Se eu sou um banco e quero captar dinheiro no mercado, mas não tenho autorização para determinados títulos, tenho que pegar a taxa Selic. Se tenho como captar dinheiro de mercado, faço sociedade, o que eu quiser em termos de mercado financeiro, busco investidor. Se sou um clube, eu tenho que ficar pedindo favor para meia dúzia de investidores que aplicam as taxas mais altas de mercado.”

“E outra coisa, ninguém gerencia uma empresa com 300 conselheiros, isso é um modelo de 50 anos atrás. Dos nossos 300 conselheiros, pelo menos 200 não têm nem preparo para serem conselheiros, a verdade tem que ser dita. Temos que bater nessa tecla. Só vamos levar para a nossa chapa quem tem currículo e capacidade técnica.”

CATEGORIAS DE BASE

“Esse é o maior ativo do clube. Eu realmente penso em criar uma estrutura de gerenciamento de apoio que busque o guri desde pequeno até a hora de ser um homem, aos 15 anos, já incorporado à rotina clube. Eu pretendo implementar um plano de ação que vai ter a atenção dos guris desde o início, dando estrutura às famílias. Eu sei bem o que é trazer um guri do Interior, com a mãe cozinheira, o pai carregador, como faz para sobreviver? Temos que criar uma estrutura de amparo para o jogador e a família e ter olhos constantes. Tenho conversado muito com o Felipão sobre isso e pedido que ele tenha olhos focados nisso.”

Fonte: CP

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