Covatti Filho assume comando do PP no Rio Grande do Sul

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O deputado federal Covatti Filho assumiu na noite desa segunda-feira, em cerimônia discreta, a presidência do PP no Rio Grande do Sul, marcada por discursos contrários à presença da sigla no governo do presidente Lula (PT). O momento é considerado delicado no âmbito nacional, uma vez que a sigla apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e passou a fazer parte, mesmo que não integralmente, do governo petista com a posse do deputado federal André Fufuca no ministério dos Esportes, marcando o ingresso do partido no governo. Além disso, no final de semana, em entrevista, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, disse que o PP faz parte da base do governo. Em contraponto, o presidente nacional, Ciro Nogueira, tem mantido as críticas a Lula.

Em seu discurso, Covatti Filho disse que “um colega deputado”, contrariando a orientação do comando da sigla, tomou a decisão de entrar no governo, e sofrerá sanções. “Amanhã (hoje) teremos uma reunião com a executiva nacional, que dará um recado a nossas bases”, disse, lembrando fala de Ciro Nogueira que qualquer filiado que fosse contra a orientação seria afastado das decisões partidárias. Disse ainda que vai procurar os deputados federais Carlos Gomes (Republicanos) e Giovani Cherini (PL). Ele prega que os partidos de direita não devem se atacar, mas manter-se unidos. Esse movimento já está relacionado com as eleições de 2024.

O cenário foi descrito como um ‘problema’ por Celso Bernardi, ao deixar o cargo. “Não gostaria de tocar nesse assunto. Mas você (Covatti) vai enfrentar um problema maior, que é nossa participação no governo Lula. Isso não é bom para o partido. Deixamos nossa posição muito clara contra essa participação”, disse Bernardi, reforçando que o PP é de direita, conservador e defensor da propriedade privada.

O deputado estadual Guilherme Pasin, em seu discurso, defendeu um posicionamento mais enfático da sigla no Estado. “O momento difícil, que o presidente retrata em sua fala, exige um posicionamento. Nós somos um partido de direita, os reais herdeiros da Arena e do PDS. Os princípios que fizerem que chegássemos aqui precisa não motivar e orgulhar. O que nos une são nossas bandeiras. E essas estão erguidas e hasteadas com o nome dos PP”.

Despedida após 25 anos

A solenidade também marcou a despedida de Bernardi. “Quero que essa minha manifestação, a última como presidente, seja marcada por três palavras: gratidão, apoio e desafios”, disse, agradecendo o apoio dos familiares e filiados do partido, ao longo de duas décadas e meia como dirigente partidário. “Quero agradecer e pedir desculpas por aquilo que quis fazer e não foi possível e pelo que deixei de fazer.” Ele fez referências especiais ao senador Esperidião Amin, a Ciro Nogueira, e a Francisco Dorneles, falecido recentemente.

Como seu último pedido como presidente e “primeiro como soldado” do partido, Bernardi pediu todo o apoio da base a Covatti Filho, que é o “presidente de todos os progressistas”. Quanto aos desafios que aguardam Covatti, Bernardi enfatizou a repercussão do desastre causado pelas chuvas nos municípios; o desencanto do eleitor com a política, com a perda de filiados e a indignação nas redes sociais; e a perda de credibilidade nas instituições. Bernardi recebeu uma homenagem da bancada do PP na Assembleia. “Seu exemplo seguirá inspirando futuras gerações de líderes políticos”, disse ao ler trecho dos dizeres da placa.

Ao invés de uma festa, o evento contou com a presença da executiva e de poucos convidados, em função dos impactos das questões climáticas no Estado. Houve um momento de homenagem às vítimas e famílias atingidas pela enchente.

Fonte: CP

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