Em delação, Mauro Cid diz que Bolsonaro mandou avaliar relógio Rolex e autorizou venda de joias
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro na Presidência da República, afirmou à Polícia Federal (PF) no seu acordo de delação premiada que recebeu “determinação” do então presidente para avaliar o valor de um relógio Rolex e autorização para vendê-lo junto com outros itens que compunham um kit de joias valiosas dado pela Arábia Saudita como presente oficial. As informações são do g1.
O acordo de delação foi firmado pela PF e homologado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no início de setembro. Cid aponta Bolsonaro como mandante dos supostos crimes investigados nessa frente de apuração que são peculato (desvio de bens públicos) e lavagem de dinheiro.
Em agosto, antes de Cid assinar o acordo de delação, Bolsonaro disse em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo” que seu ex-ajudante de ordens tinha “autonomia”.
“Não vou mandar ninguém vender nada”, declarou na ocasião.
Segundo o depoimento de Cid, Bolsonaro estava reclamando, no começo de 2022, dos pagamentos de uma condenação judicial em um processo movido pela deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), dos gastos com a mudança e o transporte do acervo de presentes recebidos e das multas de trânsito por não usar capacete nas motociatas.
O ex-presidente, então, teria perguntado a Cid quais presentes de alto valor havia recebido em razão do cargo, segundo o relato do ex-ajudante de ordens. Cid disse que verificou que as peças mais fáceis de mensurar o valor seriam os relógios, e solicitou ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), órgão que organizava o acervo presidencial, uma lista dos relógios que o presidente ganhou.
O tenente-coronel contou à PF que avisou Bolsonaro que o relógio que poderia ser vendido de forma mais rápida era um Rolex de ouro branco dado pela Arábia Saudita em 2019, durante uma viagem oficial.
Ainda segundo Cid, o presidente perguntou se esse relógio poderia ser vendido. O ex-ajudante de ordens afirmou que “recebeu determinação do presidente” para levantar o valor do Rolex e que o ex-presidente o autorizou a vender o relógio e os demais itens do kit ouro branco.
Fonte: O Sul