Lula gera polêmica ao dizer que “afrodescendente gosta de um batuque”

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que “afrodescendente gosta de um batuque de um tambor”. A declaração foi feita durante visita à fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, em São Paulo.

No momento da fala, o presidente discursava sobre novos investimentos em educação e qualificação para a população jovem. Para exemplificar o tema, chamou ao seu lado uma jovem negra que acompanhava a solenidade do palco.

Lula disse que, ao avistá-la inicialmente, não soube se a jovem era “cantora”, “namorada de alguém” ou mesmo “percussionista”, pois, segundo ele, “afrodescendente assim gosta de um batuque de um tambor”. Mas completou afirmando que ela não era nenhuma dessas coisas, e sim um destaque do evento: “a mais importante aprendiz dessa empresa”, disse Lula.

“Essa menina bonita que está aqui. Eu estava perguntando: o que faz essa moça sentada, que eu não ouvi ninguém falar o nome dela? Falei: ‘Ela é cantora, ela vai cantar’. Aí perguntei [e responderam]: ‘Não, não vai ter música’. Então ela vai batucar alguma coisa. Porque uma afrodescendente assim gosta de um batuque de um tambor.”

“Também não é. Aí eu falei: ‘Nossa, então ela é namorada de alguém”. Também não é. O que é essa moça? Essa moça foi premiada ano que vem como a mais importante aprendiz dessa empresa e ganhou um prêmio na Alemanha. É isso que nós queremos fazer para as pessoas nesse país”, completou o presidente.

Luiza Eduarda Leôncio, de 20 anos, é operadora especialista da Volkswagen e foi contemplada com o prêmio Apprentice Award 2023, uma honraria conferida ao melhor aprendiz da empresa.

Após um interlúdio em que discursou sobre a nova bolsa para a permanência no ensino médio, Lula voltou a falar sobre a jovem e disse que, ao vê-la, questionou-se se ela queria namorar com ele.

“Ela não quer, porque tem coisa melhor no mercado”, disse o presidente. “E ela não quer porque eu já tenho a Janja também”, acrescentou.

Em julho de 2023, Lula visitou Cabo Verde e, ao lado do presidente do País, expressou “profunda gratidão ao continente africano por tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão” no Brasil.

A declaração levou a um reforço na equipe que elabora os discursos do presidente e mobilizou o Ministério da Igualdade Racial, pasta comandada por Silvio Almeida, uma das maiores autoridades em estudos sobre racismo no país.

Almeida saiu em defesa do presidente. De acordo com o ministro, Lula quis afirmar que o Brasil tem uma dívida com a África. “O que o presidente Lula disse foi: ‘o Brasil tem uma dívida com África e ela tem que ser paga’. E por isso, o presidente tem insistido – e já falei com ele sobre isso – é que a agenda de direitos humanos com África envolve o chamado direito ao desenvolvimento”, argumentou o ministro na ocasião.

Em nota, a Secretária de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República afirmou que a declaração de Lula, “para quem ouve o trecho inteiro fica claro, foi uma exemplificação do que são os estereótipos para criticar sua perpetuação, justamente por não ser por eles que ela está no palco”.

FONTE: O SUL.

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